Amaro Antunes, tricampeão da Volta a Portugal, anuncia final da carreira
16 de jan. de 2023, 09:41
— Lusa/AO Online
“Anuncio que decidi,
após longa ponderação, deixar o ciclismo profissional, que abracei há 11
anos, com efeito imediato. Na primavera passada, o falecimento precoce
da minha mãe e o processo crime ‘Prova Limpa’ […] conduziram a que
perdesse toda a motivação e o gosto pelo treino, indispensáveis para
enfrentar mais uma época na plenitude das minhas capacidades”,
justifica.Único dos 11 ciclistas da W52-FC
Porto que não foi suspenso ou constituído arguido no âmbito da operação
‘Prova Limpa’ – os seus colegas foram acusados pelo Ministério Público
(MP) de tráfico de substâncias e métodos proibidos -, Antunes sublinha
que o seu processo foi arquivado. “Mesmo
que a despedida não seja da forma que tinha idealizado, olho para a
minha carreira com orgulho. Trabalhei no duro, com muita paixão e
prazer, e conquistei resultados assinaláveis, quer em Portugal quer no
escalão máximo do WorldTour”, recorda, na nota enviada à agência Lusa.O
algarvio, que completou 32 anos em 27 de novembro, despede-se do
ciclismo com três vitórias na Volta a Portugal no currículo, nas edições
de 2021, 2020 e 2017, esta ‘herdada’ devido à desclassificação por
doping do vencedor, o seu companheiro espanhol Raúl Alarcón. Com
as cores da W52-FC Porto, venceu ainda a etapa ‘rainha’ da Volta ao
Algarve de 2017, no alto do Malhão, local habitual dos seus treinos,
numa edição em que foi quinto classificado na geral final.Foi
pelos ‘dragões’ que conquistou os maiores triunfos de uma carreira
profissional iniciada na LA-Antarte, em 2011, equipa que voltou a
representar entre 2015 e 2016, depois de passar pela Carmin-Prio (2012) e
pela versão Banco BIC-Carmin da formação tavirense (2014), além da
italiana Ceramica Flamínia-Fondriest (2013).Após
a prestação na Volta de 2017, na qual foi segundo atrás de Alarcón, já
depois de ter vencido o Troféu Joaquim Agostinho, emigrou para a polaca
CCC, que no ano seguinte subiu ao WorldTour, permitindo-lhe participar
na Volta a Itália, onde foi terceiro na 19.ª etapa, após ter andado no
top-10 da geral entre a sexta e a 11.ª tiradas.No
regresso a Portugal, ganhou duas Voltas a Portugal, situando-se, a par
de Joaquim Agostinho e Alves Barbosa, no lote dos terceiros mais
vitoriosos, atrás de David Blanco (cinco) e Marco Chagas (quatro). “Agora,
é hora de aproveitar outras coisas da vida e de estar presente para as
pessoas que mais amo. Deixo um especial agradecimento à minha família,
equipas onde competi, colegas e adversários que me fizeram sempre
melhorar e crescer como ciclista, e a todos os que me apoiaram durante a
minha carreira”, diz ainda no comunicado.Apesar
de ter contrato assinado com a ABTF-Feirense para a presente temporada,
Amaro Antunes, que não competia desde junho, após o escândalo que fez a
União Ciclista Internacional (UCI) retirar a licença à W52-FC Porto na
véspera da Volta a Portugal, optou por um final abrupto da carreira.“Espero
e desejo, face aos últimos acontecimentos, que uma nova era do ciclismo
possa emergir em Portugal”, conclui a nota assinada pelo ciclista de
Vila Nova de Cacela.A decisão de Amaro
Antunes é conhecida três dias depois de a Lusa ter revelado que o MP
acusou 26 arguidos, incluindo o antigo diretor desportivo Nuno Ribeiro e
o ‘patrão’ da equipa Adriano Quintanilha de tráfico de substâncias e
métodos proibidos, com estes dois a responderem ainda pelo crime de
administração de substância e métodos proibidos e a serem acusados, a
par do diretor geral Hugo Veloso, de terem elaborado “um esquema” de
dopagem para “aumentarem a rentabilidade” dos corredores da equipa.