Álvaro Sobrinho e Ricardo Salgado sabem hoje se vão a julgamento no processo BESA
15 de jul. de 2024, 10:34
— Lusa/AO Online
A leitura da
decisão instrutória pela juíza de instrução Gabriela Lacerda Assunção
está marcada para as 15h00, no Tribunal Central de Instrução Criminal,
em Lisboa. No debate instrutório,
realizado no passado dia 03 de junho, o Ministério Público (MP), pelas
vozes das procuradoras Rita Madeira e Sandra Oliveira, pediu que os
cinco arguidos sejam levados a julgamento “nos exatos termos da
acusação”.Em causa estão o ex-banqueiro
angolano Álvaro Sobrinho, que foi acusado de 18 crimes de abuso de
confiança e cinco de branqueamento, e o ex-presidente do GES, Ricardo
Salgado, a quem foram imputados cinco crimes de abuso de confiança e um
de burla.O ex-banqueiro angolano é
suspeito de se ter apropriado indevidamente de centenas de milhões de
euros, num caso cujos factos terão ocorrido entre 2007 e julho de 2014.Estão
também em causa os ex-administradores Amílcar Morais Pires, visado por
um crime de abuso de confiança e outro de burla, Helder Bataglia,
acusado de um crime de abuso de confiança, e Rui Silveira, que responde
apenas por um crime de burla.Por outro
lado, as defesas dos arguidos do processo BESA contestaram no debate
instrutório a tese do MP e consideraram que o tribunal não deve levá-los
a julgamento. Os advogados apontaram uma alegada falta de competência
territorial dos tribunais portugueses para se pronunciarem sobre os
factos deste processo, mas também criticaram a acusação do MP, ao
declararem que a mesma é injusta ou que assenta em contradições,
especulações e deduções.A acusação do
processo BESA foi conhecida em julho de 2022 e respeita à concessão de
financiamento pelo BES ao BESA, em linhas de crédito de Mercado
Monetário Interbancário (MMI) e em descoberto bancário. Por força desta
atividade criminosa, a 31 de julho de 2014, o BES encontrava-se exposto
ao BESA no montante de perto de 4,8 mil milhões de euros.As
vantagens decorrentes da prática dos crimes indiciados, neste
inquérito, contabilizam-se nos montantes globais de 5.048.178.856,09
euros e de 210.263.978,84 dólares norte-americanos, de acordo com a
acusação.Segundo o DCIAP, além "das
quantias movimentadas indevidamente a débito das contas do BESA
domiciliadas no BES, em Lisboa, para crédito de contas de estruturas
societárias que funcionaram em seu benefício pessoal, também em diversas
ocasiões Álvaro Sobrinho utilizou a liquidez disponibilizada naquelas
duas contas bancárias para fazer face ao pagamento de despesas na
aquisição de bens e no financiamento direto da atividade de outras
sociedades por si detidas".