Alunos estão a chumbar menos mas insucesso ainda é maior entre os mais pobres
5 de jun. de 2024, 11:14
— Lusa/AO Online
O relatório
“Resultados Escolares: Sucesso e Equidade”, divulgado, mostra que
houve menos retenções e abandono escolar em todos os níveis de ensino
entre 2017/18 e 2021/22. Ao longo desses
quatro anos letivos, aumentaram sempre os alunos que terminaram o ciclo
de ensino no tempo esperado, sendo o 2.º ciclo o que apresenta maior
percentagem de sucesso em 2022 (96%). Por
oposição, os cursos profissionais destacam-se por terem as taxas mais
baixas de sucesso, com apenas 71% dos alunos a terminarem os estudos com
sucesso em 2022. Os dados dão ainda
destaque aos alunos dos cursos científico-humanísticos, que registaram o
maior salto: Em 2018, tinham terminado o curso sem chumbar nenhum ano
apenas 60% dos alunos, mas em 2022 a percentagem subiu para 80%.O
estudo ressalva, no entanto, que esta evolução positiva nos últimos
três anos, deve “ser interpretada ponderando as alterações introduzidas
no quadro excecional decorrente da pandemia de covid-19”.Por
causa do confinamento e do ensino à distância durante a pandemia, os
exames nacionais para conclusão do ensino secundário foram suspensos e
as escolas aliviaram a exigência sobre os alunos, uma vez que muitos
estiveram sem acesso às aulas ‘online’ por falta de equipamentos ou
internet. A estes casos, somaram-se todos aqueles alunos que em casa não tinham condições para trabalhar.O
estudo, hoje divulgado, analisou também a evolução dos alunos
abrangidos pelo programa de Ação Social Escolar (ASE), que continuam a
ter menos sucesso, mas que se vão aproximando da média nacional com o
avançar da escolaridade.Nos cursos
científico-humanísticos, a diferença da taxa de sucesso entre a
totalidade de alunos e os estudantes carenciados é de quatro pontos
percentuais (80% para a totalidade dos alunos e 76% para os do ASE) e
nos cursos profissionais é de apenas um ponto percentual (71% vs 70%
entre os alunos mais carenciados).As
raparigas continuam a ter mais insucesso, segundo o relatório, que
salienta que esta desigualdade tem vindo a diminuir ao longo dos últimos
anos em cada ciclo de ensino.O estudo
revelou ainda que há mais insucesso nas escolas de ensino básico onde a
maioria dos alunos advém de um contexto mais desfavorecido, uma regra
que não se aplica no secundário, uma vez que há menos chumbos nas
escolas com menos percentagem de alunos carenciados. No
ensino básico, mais de 90% dos alunos de escolas com poucas crianças
com ASE nunca chumbam, enquanto nas escolas em que a maioria dos alunos
tem ASE o sucesso desce para os 85% no 1.º ciclo e 86% no 3.º ciclo).Por
oposição, nos cursos científico-humanísticos de "escolas de contextos
mais desfavorecidos", a taxa de sucesso é de 85%, enquanto numa escola
onde há no máximo 25% de alunos com ASE, a taxa de sucesso desce para
78%.Nos cursos profissionais, a diferença é
entre 69% de sucesso numa "escola de contexto socioeconómico
favorecido" para 72% numa escola onde há muitos alunos carenciados.Numa
análise por regiões, a evolução é positiva em todo o território, mas o
norte volta a ser a região com taxas mais altas de sucesso por oposição
ao Alentejo e Algarve.No 1.º ciclo, a
assimetria entre regiões “é evidente, com níveis de conclusão no tempo
esperado entre 97% e 96% a serem obtidos no Alto Minho e no Ave, Cávado e
Tâmega e Sousa em 2022, em contraste com os 84% observados no Baixo
Alentejo e os 87% no Algarve”, refere o estudo.O
território do Alto Minho, do Ave e do Cávado surgem sempre entre as
regiões com valores mais elevados, por oposição ao sul do país. As
regiões onde há maior equidade em 2022 são Ave e Alentejo Central, em
contraste com os resultados negativos observados no Baixo Alentejo e na
Grande Lisboa.