Alunos do 4.º ano melhoram internacionalmente em prova de literacia feita na pandemia
16 de mai. de 2023, 08:36
— Lusa/AO Online
Em
plena pandemia de covid-19, mais de oito mil alunos do 4.º ano foram
chamados a realizar uma prova internacional para avaliar a literacia em
leitura, tendo conseguido subir na tabela que compara os seus resultados
com estudantes de outros países.Os
portugueses surgem em 22.º lugar numa lista de 43 países que
participaram no Progress in Internacional Reading Literacy Study (PIRLS
2021), hoje divulgado pela agência independente International
Association for the Evaluation of Educational Achievement (IEA). Isto
significa que Portugal subiu ligeiramente em relação a 2016, quando
ficou em 30.º lugar numa lista de 50 participantes.Além
das contingências de ter sido realizado durante a pandemia, o PIRLS
2021 marcou uma transição das provas em papel para o digital, sendo que
em Portugal realizaram-se os dois modelos: 6.111 alunos fizeram provas
digitais e outros 2.098 testes em papel. No
entanto, os resultados dos dois formatos revelaram realidades
diferentes. As crianças que fizeram a prova em papel melhoraram
ligeiramente em relação a 2016 (subida de três pontos), mas nas provas
digitais os resultados médios baixaram oito pontos (numa escala de zero a
mil).Em declarações aos jornalistas, o
ministro da Educação preferiu focar-se primeiro na “ligeira melhoria nos
resultados da leitura em papel”: “Estamos contentes com esta curva,
voltámos a subir”.Em Portugal, o PIRLS
realizou-se no final do ano letivo de 2021, após o segundo confinamento,
e, para João Costa, o estudo hoje divulgado confirma os resultados das
provas de aferição do ano passado e atesta “o trabalho que as escolas
têm vindo a fazer na pandemia”.O ministro
reconheceu também o “pior desempenho nas provas em formato digital”,
atribuindo parte das responsabilidades à forma como foi desenhada a
prova: Foi feita uma “mera transposição” da prova em papel para o
digital e não um teste de raiz, criticou João Costa. Segundo
o responsável, as provas digitais não permitiam, por exemplo,
visualizar em simultâneo o texto e as perguntas, ao contrário do que
acontece com as provas em papel. A ideia
foi corroborada pelo presidente do Instituto de Avaliação Educativa
(IAVE) que deu como exemplo os longos textos, “ocupando duas ou três
páginas”, que faziam que quando o aluno acedia às perguntas se abrisse
uma caixa que se sobrepunha ao texto.O
ministro garantiu que esta situação foi acautelada nas provas de
aferição digitais, que começam hoje, uma vez que foram 100% pensadas
para serem feitas no computador.O
presidente do IAVE acrescentou que nas provas de aferição os textos são
“muito mais pequenos” e os alunos conseguem trabalhar como se estivessem
no papel.Voltando ao PIRLS, o teste de
2021 apresenta outras particularidades, como o facto de a recolha de
dados ter-se prolongado por 22 meses, entre outubro de 2020 até julho de
2022, ocorrendo em três vagas diferentes.Portugal
participou na primeira fase, mas houve quem só conseguisse fazer os
testes mais tarde: 14 países realizaram a prova entre agosto e dezembro
de 2021 e outros três fizeram-na entre março e julho de 2022. No
total, participaram 57 países e oito regiões e, nesta lista, que o
ministério disse ter provas feitas por alunos mais velhos, Portugal
surge em 29.º lugar.O ministro reconheceu
que é preciso “continuar o trabalho de literacia digital para reforçar
as competências digitais dos alunos” assim como é preciso “continuar a
trabalhar, sobretudo, nos níveis de complexidade mais elevados” porque é
onde residem as principais dificuldades dos alunos.O
relatório que mostra que há mais alunos portugueses com melhores
desempenhos nas provas em papel. A prova divide-se em quatro níveis de
desempenho, que vai desde o “desempenho baixo”, passando pelo
“Intermédio”, “Elevado” e “Avançado”. Entre
os alunos que fizeram as provas em papel, 40% dos alunos atingiram pelo
menos o nível elevado e 9% alcançaram o nível avançado de desempenho. Nas provas digitais, 36% dos alunos alcançaram pelo menos o nível elevado e 6% atingiram o nível avançado de desempenho.