Alunos do 10.º ano vão ter estratégia para recuperar matéria
Covid-19
16 de abr. de 2020, 10:59
— Lusa/AO Online
Em entrevista à
revista Forum Estudante, feita através de uma emissão em direto na
página na rede social Facebook da publicação, o secretário de Estado da
Educação, João Costa, disse que tudo o que está a ser feito este ano
devido à pandemia de covid-19 “tem implicações no próximo ano letivo”,
mas adiantou que vão ser “desenhadas estratégias” de recuperação de
conteúdos. “Nós temos consciência que não
estamos a ter o sistema a funcionar bem nem de forma igual para todos e
por isso quem está no 10.º ano vai ter oportunidade para ter recuperação
de aprendizagens. E, por isso, às vezes têm-me perguntado porque é que
houve aqui um foco nos anos terminais, nos anos de conclusão. Porque
esses já não vão ter oportunidade no próximo ano letivo de recuperarem o
que ficou para trás. Portanto, mais do que alterações dos conteúdos é
ter estratégias que vão ser desenhadas a seu tempo para recuperarmos”,
disse.O governante respondia a dúvidas
colocadas pelos estudantes, que se centraram muito em questões
relacionadas com os exames nacionais do ensino secundário, conclusão
desse ciclo de ensino, nas suas várias vertentes e acesso ao ensino
superior.Uma das maiores preocupações
colocadas pelos alunos do ensino secundário prende-se com questões de
igualdade no acesso ao ensino superior, nomeadamente por não ser
possível este ano fazer exames para melhorias de nota, uma vez que foi
definido que os alunos apenas fazem os exames necessários como prova de
ingresso ao curso que pretendem frequentar e não, como habitualmente,
exames também com efeitos na conclusão do ensino secundário e para
melhoria de médias.João Costa passou a
responsabilidade da resposta às questões dos alunos sobre este tema para
o ministério que se segue na vida escolar destes estudantes, o
Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES).“Estas
questões de melhoria, não melhoria, de comparabilidade entre anos
estarão certamente previstas num trabalho que está a ser feito do lado
do MCTES que olha para o que nós entregamos e vê quais são as adaptações
necessárias para termos um concurso o mais justo e equilibrado possível
num contexto que é tudo menos previsível”, disse João Costa.Alertou
que “ter a expectativa de que tudo corre de forma igual é ilusório” e
sublinhou as muitas adaptações e um ano letivo que se segue diferente,
mas voltou a frisar que não realizar exames de melhoria de nota este ano
“não significa que esta decisão não impacte noutras que têm que
assegurar igualdade de oportunidades e alguma comparabilidade entre os
anos”.Adiantou também que os alunos podem
alterar a inscrição que já havia sido feita para exames nacionais,
alterando os exames que pretendem fazer como prova de candidatura ao
ensino superior, um processo que vai poder ser feito online e para o
qual serão emitidas orientações via Júri Nacional de Exames.Também
os alunos do ensino profissional e do ensino artístico colocaram
questões que revelavam a preocupação com o seu processo específico de
acesso ao ensino superior, tendo João Costa esclarecido que a situação
da pandemia não altera a decisão já tomada e publicada de arrancar já no
próximo ano letivo com um concurso de acesso com regras próprias para
estes alunos.E garantiu “flexibilidade às
escolas” para que possam fazer alterações na forma de trabalho em
módulos práticos e das necessárias formações em contexto de trabalho e
que permitam aos alunos que estão no último ano que consigam concluir o
curso e candidatar-se ao ensino superior, se o entenderem.As
Provas de Aptidão Profissional (PAP), necessárias para conclusão do
curso profissional, também vão poder ser feitas “remotamente”.Sobre
os conteúdos que vão ser transmitidos via canal público de televisão a
partir a próxima segunda-feira, “Estudo em Casa”, João Costa insistiu
que não se trata de “passar o ensino básico na televisão”, mas sim de um
“recurso adicional” para professores que “não esgota” o trabalho que é
preciso fazer.“O ensino básico está
inserido nos programas de ensino à distância das escolas, que podem
recorrer a estes recursos ou não. E quando recorrem devem entender que
estes recursos não são suficientes, é preciso mais trabalho em cima
deles”, disse.João Costa garantiu ainda
alterações nos instrumentos e critérios de avaliação dos alunos,
adequados aos modelos de ensino que estão agora a ser aplicados,
sublinhando que “não se pode avaliar aquilo que não se ensina”.O
governante admitiu que algumas coisas deste modelo de ensino à
distância tenham vindo para ficar, até porque a transição digital era
uma aposta forte do programa do Governo, sobretudo na Educação, mas não
veio mudar o paradigma por completo.“Esta
crise introduziu aqui um acelerador nessa transição digital. Agora, acho
também que o que esta curta experiência de ensino à distância mostra é
que, o contacto presencial, a nossa relação enquanto seres humanos não é
substituída por nenhuma máquina”, disse.