Alunos de Fátima apelam à paz contra a violência de negar os sonhos das crianças
Ucrânia
25 de fev. de 2022, 16:10
— Lusa/AO Online
Promovida
pelo Centro de Estudos de Fátima (CEF), que tem como lema do seu
projeto educativo “Sou um cidadão do Mundo”, a iniciativa juntou alunos
de outros estabelecimentos de ensino que, com cartazes com frases de
apelo à paz, balões brancos nas mãos e algumas bandeiras ucranianas,
ouviram de Tetyana Olshevska, da comunidade ucraniana do concelho, o
relato de como acordou na quinta-feira.Com
os olhos rasos de água e a voz embargada, Tetyana confessou: “o dia de
ontem [quinta-feira] foi muito difícil. Acordei, não com o despertador,
mas com um telefonema da minha mãe a gritar: filha, a guerra, a guerra…Congratulando-se com a iniciativa do CEF, disse ser “muito importante saber que o mundo democrático está do lado da Ucrânia”.Residente
no concelho de Ourém há 20 anos, quando saiu da Ucrânia em busca de
melhores condições de vida, Tetyana Olshevska disse aos jornalistas que a
comunidade ucraniana – no concelho são cerca de 460 elementos – está já
a juntar dinheiro para enviar para a Ucrânia, “para os hospitais, para
apoiar os soldados feridos”, ao mesmo tempo que referiu ser aos
ucranianos trazerem familiares para Portugal neste momento, pois “não há
aviões” e o tráfego automóvel não é fácil naquele país atualmente.Na
ocasião, o diretor do CEF, Manuel Bento, lamentou que se esteja a
assistir na Europa a acontecimentos que não se pensava que pudessem
acontecer e sublinhou que o evento de hoje foi uma manifestação de
solidariedade, em primeiro lugar, para com os alunos ucranianos, pelas
suas famílias e pelo povo.“É uma guerra
cínica. Somos solidários com todos os povos que sofrem pela guerra.
Nunca seremos solidários com líderes que se alimentam da guerra”, disse
Manuel Bento antes de o presidente da Assembleia Municipal de Ourém, o
social-democrata João Moura, ter exortado os diplomatas russos
espalhados pelo mundo a “abandonarem os seus postos e regressarem ao seu
país até ao final do conflito”.“Era o
mínimo que podiam fazer”, disse João Moura, enquanto o presidente da
Câmara de Ourém, sublinhando o simbolismo de um evento de alunos em
Fátima, conhecida como a “Cidade da Paz”, informou que a autarquia vai
criar uma linha de apoio para que os membros da comunidade ucraniana
possam receber desde apoio psicológico e social, até a alojamento para
familiares que venham da Ucrânia fugidos da guerra.A
ocasião foi também aproveitada pelo reitor do Santuário de Fátima,
padre Carlos Cabecinhas, para desafiar os alunos a serem “construtores
da paz, sendo pacíficos e pacificadores”.A
leitura de mensagens em várias línguas, a entrega de cartas escritas
pelos alunos dirigidas aos líderes mundiais, e que serão enviadas para
as embaixadas da Ucrânia e da Rússia, a execução do Huno da Alegria
(Hino da Europa) por alguns alunos à flauta, a interpretação de “We are
the World”, o lançamento de pombas brancas e o desfilar de inúmeras
bandeiras de países estrangeiros, foram momentos que marcaram o evento
desta manhã em Fátima.No final, e enquanto
dispersavam, alguns alunos ainda lembravam o que um colega dissera
momentos antes ao microfone no palco instalado no recinto na escola:
“ontem e hoje, na Ucrânia, o acordar foi assustador, sem o sol da
manhã”.