Alunos com dislexia menos grave sem o devido apoio nas escolas por falta de recursos
9 de out. de 2017, 11:40
— Lusa/AO online
A propósito do Dia
Mundial da Dislexia, que se assinala terça-feira, a Dislex lança uma
campanha de sensibilização com o objetivo de "derrubar ideias erradas e
preconcebidas que existem em torno desta disfunção neurológica". Em
declarações à agência Lusa, a presidente da Dislex, Helena Serra
sublinhou a importância de as crianças serem atempadamente
diagnosticadas e, principalmente, de terem a resposta adequada que passa
por professores que receberam a devida e específica formação. O
que não acontece, segundo Helena Serra, a uma grande quantidade de
crianças que, após suspeita, são avaliadas, mas "num grau com relativa
suavidade". "Os casos mais graves são acompanhados por
professores que receberam a devida formação, embora este acompanhamento
varie consoante a região onde é localizada a escola. Mas os outros casos
de dislexia menos grave apenas recebem apoio educativo não
especializado e que se baseia na correção de erros e outros trabalhos
que aumentam a frustração do aluno", disse. Para Helena Serra,
Portugal é, em matéria de resposta à dislexia, "uma manta de retalhos",
embora a especialista reconheça alguns avanços. Faltam, contudo,
recursos humanos específicos, sem os quais é impossível um
acompanhamento eficaz destas crianças, que permita a identificação do
seu "dom", que pode não passar pelas letras, mas que tende a
manifestar-se ao nível das artes, desporto ou outro. É nesse
sentido que a campanha recorda alguns génios como Einstein, Picasso, Da
Vinci, Agatha Christie, Van Gogh, Churchill, todos eles disléxicos. A dislexia é uma perturbação que afeta 600 milhões de pessoas no mundo inteiro. Em Portugal, atinge mais de 5% da população. Com
o lema "Disléxicos como Nós", a campanha será composta por um cartaz e
um vídeo que reflete os vários cenários deste problema em contexto real.