Alto-comissário para Refugiados lamenta não ter feito mais para combater populismos
Hoje 16:45
— Lusa/AO Online
"Ainda
acho muito difícil apresentar um argumento convincente sobre os
refugiados, porque temos de confrontar um discurso muito negativo (...)
utilizado pelos políticos populistas de direita", sublinhou Grandi, que
vai deixar o cargo no dia 01 de janeiro, depois de dez anos à frente do
ACNUR.O alto-comissário italiano saudou
que a mensagem inicial sobre a importância do acolhimento de refugiados
teve repercussões positivas nos debates europeus, mas admitiu que talvez
devesse e pudesse ter feito mais."É fácil
dizer: 'São perigosos, ameaçam os nossos valores, a nossa segurança, os
nossos empregos'. É muito mais difícil explicar porque é importante
manter as portas abertas, mas geri-las com cuidado", observou. Grandi
salientou que fechar fronteiras, rejeitar refugiados, não os resgatar
no mar e promulgar leis que impeçam o seu reconhecimento não resolvem o
problema."Não é apenas um erro de princípio, é um erro estratégico", advertiu.O
responsável do ACNUR instou os estados a gerirem melhor a questão da
migração, porque "a Europa precisa especialmente de mão de obra, e
precisa de jovens".Grandi referiu também
que canais de migração mais claros e mais abrangentes aliviariam a
pressão sobre o asilo e preservariam “uma ferramenta indispensável para
as pessoas que estão realmente a fugir por razões de sobrevivência".Após
dez anos na liderança do ACNUR, Grandi apontou ainda a "degradação da
unidade e a imprevisibilidade das relações de poder" no contexto atual
como um dos maiores desafios que o seu sucessor irá enfrentar.