Altice acusa ANACOM de "insensibilidade social" e ameaça desativar postos públicos
9 de abr. de 2019, 10:19
— Lusa/AO Online
Altice Portugal,
que presta o serviço universal de postos públicos (vulgo cabines
telefónicas), “repudia a decisão da ANACOM de acabar com o serviço
universal de postos públicos de forma encapotada”, afirmando em
comunicado tratar-se de uma “decisão que pretende discriminar
negativamente o território, tratando os portugueses de forma desigual,
como se existissem portugueses de primeira e de segunda”. A
empresa adianta que “não está disponível para se comprometer com
propostas que pretendem apenas remendar uma decisão errada já
anteriormente” tomada pelo regulador de “acabar” com este serviço
público e diz que, “se nada vier a ser feito em sentido contrário", irá
"desativar os postos públicos, na sequência desta decisão e em
cumprimento com os preceitos legais”.A
Altice Portugal acrescenta que vai enviar cartas à Associação Nacional
de Municípios Portugueses e Associação Nacional de Freguesias
“lamentando esta decisão, à qual é totalmente alheia e à qual sempre se
opôs frontalmente, considerando que apenas demonstra insensibilidade
social e falta de conhecimento do território e das suas necessidades”.A
ANACOM recomendou ao Governo que se designe, por concurso público,
um prestador a nível nacional para o serviço de telefone fixo e outro
para o serviço de postos públicos, reduzindo prazos e valores dos
contratos O regulador defende que a
designação seja feita por um período transitório de um ano, prorrogável
até mais um, e que o preço-base no caso do concurso para a prestação do
serviço de telefone fixo seja de 50 mil euros para o primeiro ano de
vigência do contrato (valor que compara com o custo atual de 1,9 milhões
de euros por ano). Na oferta de postos
públicos, o preço-base recomendado é de 52,5 mil euros para o período de
vigência do contrato de um ano (valor que compara com o custo atual de
2,5 milhões de euros, para um parque de 8.222 postos públicos) para
assegurar a disponibilização de um total de 175 postos públicos num
conjunto de 175 freguesias predominantemente rurais e em todas as ilhas
das regiões autónomas dos Açores e da Madeira.
A posição do regulador surge depois de em maio a ANACOM ter
recomendado ao Governo que não procedesse à designação de prestadores
para as várias componentes do serviço universal de comunicações
eletrónicas, que inclui o serviço fixo de telefone, cabines e listas
telefónicas, prestado atualmente pela Nos e Meo (da Altice).A
Altice acrescenta hoje que “este recuo da ANACOM serve apenas para
iludir os mais distraídos, já que se trata do encerramento de milhares
de postos públicos que são particularmente cruciais em territórios de
mais baixa densidade populacional”. A
empresa salienta ainda que são os postos públicos afetos ao serviço
universal que “garantem o acesso 24 horas/dia às populações em caso de
necessidade, e não os outros postos públicos que são explorados
comercialmente, já que estes têm uma disponibilidade condicionada ao
horário da atividade comercial de cada estabelecimento e terão que ser
desmontados caso exista um pedido para tal”.
Os postos públicos “originam vários milhões de chamadas por ano, sendo a
sua utilização significativa, incluindo no que diz respeito às chamadas
de emergência (mais de 250 por dia)”, argumenta, salientando que “estes
são telefonemas feitos pela população mais vulnerável, em situação de
urgência e aflição, que muitas vezes não possui outros meios de
comunicação”.