Alterações climáticas também se combatem com mercados mais regulados
27 de set. de 2017, 17:40
— Lusa/AO online
Professor da Faculdade de Letras da
Universidade de Lisboa e ativista do movimento associativo ligado à
defesa do ambiente, Soromenho-Marques falava hoje na sessão que
assinalou os 40 anos da Engenharia do Ambiente, na Faculdade de Ciências
e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa (FCT/UNL). Numa
sessão em que antigos ministros fizeram depoimentos em vídeo sobre as
políticas ambientais, Soromenho-Marques admitiu que nos últimos 40 anos
se fez um trabalho "extraordinário" e disse que o mundo vive hoje uma
era excecional, que mais do que de risco é uma era de incerteza. E
centrado no ambiente e nas alterações climáticas disse que é preciso o
mundo compreender "a necessidade de vencer a ideologia da sociedade de
mercado" e "retornar à função reguladora das políticas públicas", porque
"o mercado coloca a sociedade debaixo de grandes pressões". E
depois, continuou, para que vençam as políticas do ambiente à escala
europeia é preciso evitar a instabilidade na zona euro, porque "se a
união monetária se fragmentar" deixam de existir desafios como a
inovação tecnológica. As políticas ambientais caracterizam-se
por serem "um grande processo de tentativa erro, uma grande
experimentação à escala global", começou por dizer o professor, que
traçou também a história dessas politicas em Portugal, começadas em 1971
com a criação da Comissão Nacional do Ambiente. E se a primeira
lei de bases do ambiente é dos anos 80, os Estados Unidos e a Suécia
tinham aprovado uma em 1969, disse, considerando que em Portugal as
políticas ambientais sempre se caracterizaram por impulsos externos.
Ainda assim, acrescentou: "É extraordinário o que conseguimos fazer mas
temos de ter a humildade de entender que faltam passos". Ao
passado voltou também o diretor da FCT/UNL, Fernando Santana, quando
lembrou a criação da licenciatura em 1977, "contra ventos e marés das
outras engenharias". E depois destacou a "grande contribuição do curso
para o país e até para o mundo", afirmando que esta área se tornou
imprescindível. "Não tardará o tempo", considerou Fernando
Santana, que "os critérios ambientais vão determinar o que se pode ou
não fazer nas realizações da humanidade", sobrepondo-se às questões
técnicas e financeiras. No mesmo sentido, a presidente do
Departamento de Ciências e Engenharia do Ambiente, Júlia Seixas,
sublinhou a necessidade de os outros ramos das engenharias integrarem os
objetivos e as ambições da engenharia do ambiente, em nome de um futuro
sustentável. Para a professora, aquele que começou por ser uma
especialidade da engenharia civil é agora "o curso do século XXI" que,
nos próximos 40 anos, deve continuar a crescer e a responder aos
desafios permanentes do "laboratório que se chama planeta Terra".