"Alterações climáticas não são problema da próxima geração, são da atual"
24 de mar. de 2021, 17:52
— Lusa/AO Online
“Quando falamos das alterações
climáticas não podemos pensar apenas na próxima geração, a atual geração
já sofre com as alterações climáticas e tem a responsabilidade de mudar
as coisas no sentido de um mundo melhor e um clima melhor no futuro”,
disse o ministro na conferência virtual sobre o clima “Investing in
Climate Action: The Make-or-Break Decade”, organizada pelo Project
Syndicate, uma organização internacional de media, pelo Banco Europeu de
Investimento e pela Comissão Europeia.Reafirmando
que a presente década é “crucial” para que se atinja a neutralidade
carbónica em 2050, João Pedro Matos Fernandes, que participou na
conferência a partir do Algarve, citou o problema da seca na região para
dizer que as alterações climáticas são já reais e que a adaptação já
está a acontecer.Ainda assim, numa
perspetiva otimista, o ministro salientou que os Estados membros da
União Europeia estão muito empenhados na questão das alterações
climáticas, com o objetivo ambicioso de redução de emissões de gases com
efeito de estufa até pelo menos 55% até 2030, e lembrou a importância
da próxima cimeira das Nações Unidas sobre o clima (COP26), marcada para
novembro em Glasgow.Matos Fernandes
saudou ainda o regresso dos Estados Unidos ao Acordo de Paris sobre
redução de emissões de gases com efeito de estufa (que o país tinha
decidido abandonar na presidência de Donald Trump), mas considerou
importante que a União Europeia não perca a liderança do processo de
luta contra as alterações climáticas.Questionado
sobre a importância da biodiversidade o ministro disse que na verdade
há objetivos claros quando se fala da ação climática, da mitigação, ou
de impedir o aumento das temperaturas, mas que não são tão claros em
relação à biodiversidade, pelo que a próxima conferência da ONU sobre a
matéria (COP15) deve estabelecer objetivos precisos.A
atual pandemia de Covid-19 “deixou bem claro que é impossível discutir a
saúde humana sem discutir a saúde animal e a saúde ambiental”, disse,
afirmando-se convencido que o próximo grande tema mundial será sobre a
recuperação da biodiversidade.Antes da
intervenção de Matos Fernandes, o ambientalista e fotógrafo francês Yann
Arthus-Bertrand já tinha alertado que para o aquecimento global, ao
contrário do que se passa em relação ao novo coronavírus, que provoca a
doença Covid-9, não há uma vacina.A
conferência está hoje a debater os instrumentos de apoio no esforço
global de descarbonização e os mecanismos de investimento público e
privado que podem ser utilizados para alcançar uma transição justa e uma
economia de “emissões zero", na União Europeia e em todo o mundo.