Alterações climáticas exigem compromisso firme na proteção do Património

29 de out. de 2019, 11:04 — Lusa/AO Online

“A seriedade da ameaça e dos seus efeitos deveria implicar um compromisso firme por parte de todas as entidades envolvidas na conservação do património, designadamente dos responsáveis governamentais, em termos de meios colocados à disposição deste combate”, afirmou José Filipe Cabral.O responsável pela UNESCO em Portugal falava na sessão de abertura do VII Encontro Ibérico de Gestores de Património Mundial, que decorre até  esta terça-feira, em Angra do Heroísmo, nos Açores.Segundo José Filipe Cabral, não faltam estudos sobre as alterações climáticas e “as perspetivas não são animadoras”, por isso, são necessários atos para tentar “aliviar ou pelo menos mitigar” algumas das suas “consequências nefastas” sobre o património cultural e paisagístico.“A ameaça climática é particularmente séria, podendo levar, como está já a acontecer nas zonas baixas do Bangladesh, à destruição pura e simples de bens inscritos na lista do património”, frisou.O presidente da comissão nacional da UNESCO em Portugal defendeu também a necessidade de se encontrar um equilíbrio entre a conservação do património e o desenvolvimento económico dos locais. “A crescente pressão turística constitui para os bens de património mundial um fator de especial preocupação pelos impactos negativos que poderá produzir e já produz em muitos casos”, salientou, reconhecendo, no entanto, que “o turismo é simultaneamente um instrumento importante de apoio à conservação dos bens de património mundial pelos recursos que permite recolher”. José Filipe Cabral considerou que uma das melhores formas de minimizar os riscos que ameaçam o património cultural “passa pela edução e pelo reforço do sentimento de apropriação destes bens por parte da população”. “A educação para o património devia ter início nas escolas por forma a sensibilizar as gerações mais jovens para a importância do património na nossa cultura e identidade e para a necessidade da sua proteção e conservação”, sustentou.A sétima edição dos encontros ibéricos de gestores de Património Mundial, que ocorrem alternadamente entre Espanha e Portugal, tem como tema os desafios da sustentabilidade.