Alterações ao subsídio de mobilidade na Madeira podem ser “muito perigosas”
19 de jul. de 2018, 12:19
— Lusa/AO Online
“Não é
de todo algo que seja agradável, estamos perante uma situação muito
perigosa para o futuro da Madeira, em termos económicos”, afirmou o
diretor da easyJet em Portugal, José Lopes.Falando
aos jornalistas à margem da feira de aviação Farnborough Airshow, no
Reino Unido, o responsável insistiu que a posição da companhia “é muito
clara” e centra-se na recusa de substituir o Estado nos adiantamentos
deste subsídio de mobilidade.Na
semana passada, o parlamento aprovou na generalidade uma proposta de
lei para que os residentes e estudantes da Madeira, beneficiários de um
subsídio de mobilidade, paguem apenas o valor estipulado da viagem e não
fiquem à espera de reembolso posterior.Até
agora, os beneficiários deste subsídio tinham que, no ato da compra,
pagar a totalidade do preço dos bilhetes, sendo posteriormente
reembolsados.O
documento, que baixou à especialidade para depois voltar a ser votado
em plenário, prevê assim que sejam as companhias aéreas a adiantar o
subsídio atribuído a residentes e estudantes da Madeira.De acordo com José Lopes, “esta tomada de decisão na Assembleia da República foi uma surpresa para todos”.“A
nossa posição é muito clara. Fomos extremamente frontais, sinceros e
transparentes a expressar a nossa opinião sobre o tema, quer em reuniões
com o Governo central, regional, quer na Assembleia da República”,
referiu.José
Lopes disse esperar que agora “exista bom senso perante tudo aquilo” que
esta e outras companhias aéreas expuseram sobre “as consequências que
isto pode ter”, nomeadamente ao nível da operação.“Espero
que haja bom senso da classe política e que compreendam o impacto
extremamente negativo que isto pode ter para a economia da Madeira”,
caso as companhias aéreas decidam sair em oposição às alterações,
reforçou.Ainda
assim, “estamos a analisar juridicamente todos os detalhes da questão, à
luz não só da lei portuguesa, mas da lei comunitária e a analisar os
vários planos B”, adiantou o diretor da easyJet em Portugal.José Lopes escusou-se a revelar as medidas alternativas, dado a “fase muito embrionária” do processo.“Vamos ver como é que as coisas evoluem nos próximos meses”, concluiu.Em
novembro passado, em declarações à agência Lusa, José Lopes disse que a
easyJet “tudo fará para não ser empurrada” do aeroporto do Funchal, na
região autónoma da Madeira, mas recusa-se a “substituir” o Estado no que
toca ao subsídio de mobilidade.Com
o modelo de mobilidade em vigor, estas viagens para os residentes na
Madeira custam 86 euros, pagando os estudantes 65 euros, tendo um teto
máximo de 400 euros. Nos casos das ligações pagas com cartões de
crédito, os reembolsos são efetuados apenas depois de 60 dias.Já
nas deslocações entre o arquipélago da Madeira e o dos Açores, o valor
máximo é 119 euros para os residentes e equiparados e 89 euros para os
estudantes.Com
esta alteração, os beneficiários passarão a pagar apenas o valor que
lhes corresponde, não sendo necessário avançar com o total e ficar à
espera do reembolso.