Alteração aos concursos para médicos recém-especialistas ameaça negociações
12 de jan. de 2023, 12:59
— Lusa/AO Online
Manuel
Pizarro anunciou na quarta-feira que o próximo concurso para médicos
especialistas seguirá o modelo institucional, em que cada instituição
contrata os médicos de que precisa, sublinhando que este modelo se
revelou “mais capaz de atrair e fixar profissionais”.A
FNAM repudia em comunicado a forma como o ministro da Saúde fez este
anúncio e a proposta que divulgou sem ouvir previamente os sindicatos
médicos, uma vez que é uma matéria de índole laboral.Segundo
a federação, trata-se de “uma alteração substancial” ao formato de
concurso de colocação de novos especialistas nas instituições do Serviço
Nacional de Saúde (SNS). “A solução
apresentada altera significativamente o modelo de concurso de provimento
para os recém-especialistas, com a justificação de uma pretensa
celeridade dos processos e do aumento da capacidade de fixação de
médicos no SNS”, sublinha.Para a FNAM, a
opção por concursos institucionais, em que o número de vagas e a escolha
dos candidatos ficarão dependentes apenas do critério de cada
instituição e da sua capacidade financeira, “irá conduzir ao predomínio
dos interesses locais sobre as necessidades do todo nacional, acentuando
as desigualdades entre regiões”.Além disso, adverte, “esta proposta irá estabelecer desigualdades entre os candidatos e as instituições”.“No
primeiro caso, porque os critérios de seleção aplicados serão
diferentes, permitindo os favoritismos, e, no segundo caso, porque as
instituições com maiores orçamentos terão uma maior capacidade de
contratação, em detrimento de outras que terão menor capacidade de
recrutamento”, justifica.A federação
relembra que o atual modelo de concurso foi instituído exatamente com a
mesma fundamentação da nova proposta do Ministro da Saúde, “tendo
redundado no atual fracasso, pelo que desde há muito a FNAM tem pedido a
sua alteração”.Para a Federação Nacional
dos Médicos, o concurso de ingresso na carreira médica, “que reveste uma
fundamental importância para garantir o normal funcionamento e a
sustentabilidade do SNS – e também para o concretizar das aspirações dos
recém-especialistas –, deve manter um caráter nacional e harmonizar as
necessidades assistenciais das várias regiões do país com a equidade e
justiça do processo de seleção dos candidatos”.