Almirante Gouveia e Melo recusa "dizer não" à hipótese de se candidatar a Belém
5 de set. de 2024, 11:16
— Lusa/AO Online
O
Chefe de Estado-Maior da Armada (CEMA) explicou que a um militar em
funções apenas lhe restam duas hipóteses quando confrontado com questões
dessa natureza: “Ou não responde ou tem que dizer ‘’não’”, disse
Gouveia e Melo, para depois acabar por afirmar: “Não quero dizer que
não”.“Um militar, depois de terminar o serviço ativo, é um cidadão normal”, sublinhou o CEMA. O
almirante estará em funções até ao próximo dia 27 de dezembro, e
afirmou igualmente que ainda não se decidiu se prolongará as funções no
cargo, caso venha a ser convidado a isso pelo atual Governo. “Isso é
coisa que não tenho ainda resolvida na minha cabeça”. Não
obstante, em resposta à insistência do jornalista Vítor Gonçalves sobre
o que responderia se fosse desafiado a continuar, Gouveia e Melo acabou
por deixar no ar a ideia de que se sente tentado a dar o lugar a outro,
explicando que “há um conjunto de pessoas” que esteve com ele, que
“também merecem as suas oportunidades”.Já
sobre a hipótese de vir a concorrer a Belém, Gouveia e Melo foi menos
taxativo. O almirante repetiu que soma 45 anos de serviço militar, que
prometeu a si mesmo “dar a vida pelo país” e que os seus “planos” vão no
sentido de “continuar a contribuir para o país”. Confrontado
com a circunstância de o seu nome aparecer bem colocado nas sondagens
de intenção de voto, Gouveia e Melo começou por ironizar, sugerindo que,
se isso preocupa alguém, basta que o seu nome seja retirado dos estudos
de opinião. “Agradeço muito o relevo que
me dão nas sondagens e, se alguém ficar preocupado, é só não porem o meu
nome nas sondagens”, disse.Gouveia e Melo
adquiriu particular notoriedade pelas funções que desempenhou no
programa nacional de combate à epidemia de covid-19. Confrontado por
Vítor Gonçalves sobre o que lhe dizem hoje as pessoas em relação às
presidenciais, Gouveia e Melo não fugiu à questão, admitindo ser este
agora o tema que as leva e dirigiram-se a ele.“As
pessoas têm muito carinho por mim e manifestam-me muitas vezes esse
carinho”,começou por afirmar, para a seguir acrescentar que lhe dizem:
“Concorra, concorra! Tem o meu voto!”. “As
minhas motivações têm que ver com o que entendo que posso fazer”,
acrescentou, para em seguida concluir: “sou uma pessoa determinada e
quando quero uma coisa luto por essa coisa”. Confrontado
com ainda com análises segundo as quais a eleição de um militar para a
Presidência da República constituiria um “retrocesso” no processo
democrático do país, Gouveia e Melo afirmou que não entende essa
circunstância como “nenhum retrocesso nem nenhum avanço”, recordando o
parecuisapel desempenhado em favor da democracia pelo último presidente
militar desde o 25 de Abril, o general Ramalho Eanes, descrevendo-o como
um “indivíduo extraordinário”, principal protagonista do “tempo da
transição para a democracia e do regresso dos militares aos quartéis”.“A população tem que estar muito agradecida a esse senhor”, acrescentou. Finalmente,
o almirante Chefe de Estado-Maior da Armada admitiu que o atual
contexto internacional, com uma guerra na Europa e a situação política
nos Estados Unidos, poderia ser favorável, “influenciando a perceção das
pessoas”, à eleições de um antigo militar para Belém, porém, modalizou
essa “avaliação” caberia ao eleitorado, que esse candidato teria que
convencer nesse sentido.