Alienação da Azores Airlines com caderno de encargos “amigo do mercado”
25 de nov. de 2022, 11:06
— Lusa/AO Online
Falando
poucas horas depois da aprovação do Plano e do Orçamento da região para
2023 na Assembleia Regional, na Horta (votos a favor de PSD, CDS-PP,
PPM, IL, Chega, deputado independente e PAN), José Manuel Bolieiro, numa
entrevista à RTP/Açores, considerou que foi a “humildade democrática”
que permitiu formar a atual solução governativa.“É
histórico. Seis forças políticas votaram a favor deste Plano e
Orçamento para 2023. É absolutamente inovador da democracia autonómica
dos Açores. E ainda, também, com o apoio do deputado independente. Não é
exercício de glória vã. É um exercício de trabalho”, afirmou.O
líder regional realçou o “pendor social” do Orçamento da região para
2023 e criticou a postura do PS, o maior partido da oposição, que acusou
de “angústia pela perda do poder”.Sobre a
privatização da SATA Internacional/Azores Airlines, prevista nos
documentos para 2023, Bolieiro defendeu que a alienação deve acontecer o
“mais depressa possível” e a um “preço justo”.“Queremos
fazê-lo o mais depressa possível e com a boa condição de ela ser
competitiva para uma oferta. Não vamos criar no caderno de encargos
dificuldades à apetência”, vincou.O líder
regional avançou ainda que o executivo não foi contactado por qualquer
interessado, apesar de a empresa ter capacidade para “potenciar
interessados”.“Tenho consultado
especialistas no negócio e pode haver interessados. É preciso é que as
peças processuais, designadamente que o caderno de encargos seja amigo
do mercado e possa potenciar interessados”, afirmou.Questionado
sobre a posição da Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada, que
defendeu que o endividamento zero previsto para 2023 devia ser gradual,
Bolieiro considerou tratar-se de um “erro de avaliação” daquela
instituição.Ao longo de 55 minutos de
entrevista, conduzida por Roberto Morais, Bolieiro elencou vários feitos
de dois anos de governação, como a Tarifa Açores (que fixa em 60 euros o
preço máximo das viagens aéreas entre ilhas) e a redução fiscal.Acerca
das horas extraordinárias dos médicos, o chefe do Governo Regional
considerou que “não se pode viver dos casos”, mas da “política pública
da saúde”, vincando que em dois anos foram contratados mais 62 médicos
para a região.“Este governo considera,
valoriza e deseja sobretudo paz e um relacionamento objetivo e de
consideração” com os médicos, salientou.Médicos,
dos três hospitais públicos da região manifestaram, em abaixo-assinado a
sua indisponibilidade para realizar horas extraordinárias para além do
limite legal das 150 horas, o que poderá colocar em causa o serviço de
urgência já em dezembro.Em causa estão
declarações do vice-presidente do Governo dos Açores, que afirmou que os
médicos “não podem usar o dinheiro como moeda de troca para dispensar” a
prestação de cuidados, considerando que tal é uma “violação grosseira”
da ética.O líder regional também avançou
que contactou o advogado Eduardo Paz Ferreira para trabalhar na
elaboração de uma nova Lei de Finanças Regionais, reivindicado mais
competências tributárias para as regiões e mais "garantias" quanto às
transferências do Orçamento do Estado.O
Orçamento dos Açores para 2023 foi hoje aprovado em votação final
global, com 30 votos a favor, de PSD, CDS-PP, PPM, IL, Chega, deputado
independente (ex-Chega) e PAN, e 27 contra, do PS e do BE.Durante
o debate, o executivo açoriano anunciou que a reestruturação societária
da SATA vai ficar concluída no início de dezembro e o concurso público
para a privatização de 51% da Azores Airlines vai arrancar a 01 de
janeiro de 2023,