Aliança diz que falta desenvolvimento harmonioso e humanismo
Açores/Eleições
8 de out. de 2020, 10:12
— Lusa/AO Online
“Acho
que houve um desenvolvimento nos Açores acentuado em termos de
infraestruturas. Acho que houve um desenvolvimento adequado de
investimentos prioritários em termos de comunicações e tecnologias, mas
não houve garantidamente um desenvolvimento harmonioso nas nove ilhas
dos Açores”, avançou, em entrevista à agência Lusa.Antigo
candidato à liderança do PSD, o empresário Paulo Silva integrou o
Aliança pelas mãos de Pedro Santana Lopes, que descreveu como “uma
referência em termos políticos” e um “amigo”, porque sentiu que a
política nos Açores tinha “perdido humanismo”.O
partido, criado em 2018, concorre pela primeira vez às eleições
legislativas regionais dos Açores, com listas em três dos 10 círculos
eleitorais, e Paulo Silva encabeça a lista pela ilha Terceira, a segunda
mais populosa do arquipélago, de onde é natural, apesar de residir há
30 anos em São Miguel.Sem traçar metas
para a primeira prova de fogo do Aliança nos Açores, o candidato assume
“total responsabilidade pelo resultado eleitoral” e diz que o contacto
com a população tem sido “muito positivo”, mas as pessoas “estão
acomodadas”.“Não estou nada preocupado se
os açorianos vão votar no Aliança ou não. Vou fazer de tudo para que
eles votem, mas no dia seguinte tenho trabalho. Vou para a minha vida
profissional e vou muito feliz. Tirei este tempo da minha vida para a
causa pública, que eu amo, que eu gosto desde miúdo”, apontou.Em
24 anos de governação socialista, nem tudo foi mau, para o líder do
Aliança/Açores, mas houve “muitos investimentos desastrosos” e é preciso
alterar o modelo económico e social para que “os jovens queiram voltar,
constituir família e desenvolver empresas”.“Sabemos
que há investimentos estruturantes que é preciso fazer. Estão quase
todos feitos, agora é preciso humanizar. Precisamos de políticas de
humanização, de pôr as pessoas a darem o melhor que têm”, frisou,
alegando que tem de haver um “crescimento igual para as nove ilhas”.Paulo
Silva defendeu que é preciso valorizar os profissionais de saúde, criar
um regime de reformas antecipadas para os docentes e tornar as escolas
mais atrativas.“A educação é fundamental.
Só criaram cimento, não humanizaram, não deram valor aos profissionais,
tal e qual como na saúde. Nós estamos a criar a melhor geração de
sempre, uma geração com uma cultura, com um conhecimento impressionante.
Vamos deixá-los fugir todos?”, questionou.Outra
das batalhas do Aliança é a inclusão na sociedade, não apenas de
pessoas com deficiência e demências, mas também dos beneficiários do
Rendimento Social de Inserção (RSI), que segundo o Paulo Silva foi uma
boa medida, mas mal aplicada nos Açores.“Vamos
criar uma economia social, reintegrá-los numa economia social. Quem não
pode, não pode, mas quem pode tem de ser integrado na sociedade e numa
economia social todos podem entrar”, frisou.O
candidato do Aliança propõe ainda a construção de residências
universitárias para estudantes açorianos em Lisboa, Porto e Coimbra, a
criação de cidades desportivas nas ilhas Terceira e São Miguel, a
promoção de um turismo sustentável e ligado à cultura e uma mudança na
política de transportes aéreos e marítimos.Por
outro lado, defende uma estratégia para a agricultura, que aposte na
diversidade e numa produção com o mínimo de químicos possível.“Não
queremos mais peixe, queremos cana, porque os açorianos são bons a
pescar. Não queremos que deem tudo feito, de quatro em quatro anos,
porque depois volta tudo à normalidade”, realçou.Segundo
Paulo Silva, há “um poder instalado na região assustador, digno de
investigação”, por isso é preciso acabar com a maioria absoluta
socialista.“O PS não pode governar mais os
Açores. Da parte da Aliança não há acordo nenhum com o PS. Queremos que
o PS saia, porque o PS está cansado. Instalou um sistema em que só se
preocupa com a governança”, reiterou.Já a
oposição, acusou o candidato do Aliança, “não denuncia e não tem uma
força que os cidadãos sintam que estão a ser defendidos com causas
justas”.Em julho de 2019, Paulo Silva foi
constituído arguido no âmbito da “Operação Nortada”, da Polícia
Judiciária, que investigava suspeitas de crimes de peculato,
prevaricação, abuso de poder e falsificação de documentos na contratação
de um artista brasileiro para a Ribeira Grande, na ilha de São Miguel.O
processo “continua a decorrer”, mas Paulo Silva disse esperar que o
resultado “saia o mais rápido possível”, sublinhando que foi apenas o
produtor do evento.“Só sou candidato porque tenho a consciência muito tranquila, senão nunca seria”, assegurou.Nas
anteriores legislativas açorianas, em 2016, o PS venceu com 46,4% dos
votos, o que se traduziu em 30 mandatos no parlamento regional, contra
30,89% do segundo partido mais votado, o PSD, com 19 mandatos, e 7,1% do
CDS-PP (quatro mandatos).O BE, com 3,6%, obteve dois mandatos, a coligação PCP/PEV, com 2,6%, um, e o PPM, com 0,93% dos votos expressos, também um.