Aliança defende investimento do governo em projetos estratégicos nas cidades

Açores/Eleições

9 de out. de 2020, 17:42 — Lusa/AO Online

“Este investimento não deve ser só da autarquia. Os investimentos estratégicos em cada ilha e em cada cidade devem ter uma participação muito forte do Governo Regional, independentemente da cor partidária. Isto é um caso concreto. São ambos da mesma cor partidária, mas não há um entendimento”, avançou, em declarações aos jornalistas, à margem de uma visita ao Mercado Duque de Bragança, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira.O município de Angra do Heroísmo, liderado pelo socialista Álamo Meneses, tem um projeto para construção de um novo mercado municipal, no mesmo local onde se encontra o atual, orçado em cerca de 6,5 milhões de euros e já admitiu a possibilidade de recorrer a um empréstimo bancário, se não for aprovada uma candidatura a fundos comunitários.Para Paulo Silva, que é cabeça de lista do Aliança pelo círculo eleitoral da ilha Terceira, o investimento deve contar com a comparticipação do Governo Regional.“Seis milhões de euros numa autarquia é um buraco muito grande. É um investimento muito grande para a dimensão da autarquia de Angra”, frisou, considerando “escandaloso” e “vergonhoso” que o executivo açoriano não tenha comparticipado a construção do Centro Interpretativo de Angra do Heroísmo, um projeto orçado em 2,5 milhões de euros, que está praticamente concluído. Sublinhando que o mercado aguarda por obras de remodelação “há 50 anos”, o candidato do Aliança defendeu que a infraestrutura pode potenciar não só a valorização dos produtos locais, como o turismo na cidade, que é Património Mundial da Humanidade, com a criação de uma “rota dos sabores” e de uma “rota das especiarias”.“Não tenho dúvida nenhuma de que vai dar vida à cidade. Começa a aparecer mais comércio tradicional, mais lojas, bares, restaurantes no centro histórico. Isso é que dá vida às cidades. As cidades têm de ter um plano estratégico para atrair os locais e quem nos visita”, salientou.Quanto à produção agrícola, Paulo Silva reivindicou uma maior aposta na qualidade e na diversidade, lamentando que haja falta de mão de obra.“Pretendemos valorizar a nossa mão de obra, qualificar a nossa mão de obra e valorizar os nossos produtos locais. Alguma coisa tem sido feita, mas é muito pouco”, apontou.Na visita ao mercado de Angra do Heroísmo, o líder do Aliança/Açores ouviu lamentos pelas condições físicas do espaço, mas também críticas ao Governo Regional.“É o emprego para o amigo, é o emprego para o primo, é falar pela boca pequena porque senão eles controlam e eles são o governo. E nós não queremos isto. Queremos soltar as amarras, queremos que as embarcações naveguem e entremos em porto seguro e que haja de facto uma interligação entre quem governa e quem é governado. As pessoas precisam de uma democracia nos Açores”, reforçou.As próximas eleições para o parlamento açoriano decorrem em 25 de outubro.Nas anteriores legislativas açorianas, em 2016, o PS venceu com 46,4% dos votos, o que se traduziu em 30 mandatos no parlamento regional, contra 30,89% do segundo partido mais votado, o PSD, com 19 mandatos, e 7,1% do CDS-PP (quatro mandatos).O BE, com 3,6%, obteve dois mandatos, a coligação PCP/PEV, com 2,6%, um, e o PPM, com 0,93% dos votos expressos, também um.O PS governa a região há 24 anos, tendo sido antecedido pelo PSD, que liderou o executivo regional entre 1976 e 1996.