“Algumas pessoas disseram que nós mudámos a vida delas”

24 de dez. de 2025, 18:30 — Rui Jorge Cabral

“A maior riqueza que retiro das missões é a de nós estarmos durante uma semana com pessoas que às vezes estão o ano todo sozinhas e têm muita solidão. Eu tive situações em que algumas pessoas disseram que nós mudámos a vida delas, porque aquilo para nós até pode ser uma coisa que não parece nada de especial, não estamos ali a fazer nenhum sacrifício, mas para elas é mesmo importante esta companhia que nós lhes damos, esta alegria que nós levamos a pessoas que se sentem tristes e que não têm com quem falar”.A afirmação é de Tomás Duarte, responsável da equipa Missão País na Universidade dos Açores, juntamente com Inês Carvalho. Este é um projeto católico de voluntariado universitário de âmbito nacional, que inclui a Universidade dos Açores e que se realizará este ano pela última vez em Vila Franca do Campo, entre os dias 7 e 15 de fevereiro de 2026. Refira-se que a Missão País realiza-se sempre em três anos na mesma localidade  e, passado este tempo, muda-se para outro lugar e assim sucessivamente. Tomás Duarte tem 22 anos e é estudante de Zootecnia na Universidade de Évora. Como já tinha feito a Missão País nos Açores, foi escolhido como responsável da equipa este ano. Em declarações ao Açoriano Oriental, Tomás Duarte explica que na Missão País “a ideia principal é evangelizar numa localidade durante uma semana e ajudar as pessoas naquilo que for preciso”. A Missão País foi criada em 2003 e leva, todos os anos, milhares de estudantes universitários a diferentes localidades do continente, Açores e Madeira, envolvendo cerca de 75 faculdades e mais de quatro mil estudantes, todos em regime de voluntariado.A missão da Universidade dos Açores contará este ano com 58 estudantes, que incluem oito responsáveis pela missão e 50 missionários em total paridade de género: 25 rapazes e 25 raparigas.Ao longo de uma semana estes estudantes irão desenvolver atividades como visitas a lares de idosos e centros de apoio; atividades em escolas e creches; apoio à catequese;  animação de missas e momentos comunitários com iniciativas abertas à população, de que são exemplos as vigílias, o teatro, os torneios ou os convívios.E para que esta semana seja possível, a Missão País tem custos associados à alimentação, aos transportes, aos materiais e à estadia, pelo que lança um apelo à comunidade para que, se assim o entender, faça donativos para a sua realização, seja em dinheiro, seja em géneros alimentares. Tomás Duarte explica igualmente que faz parte da Missão País a preparação de um momento teatral, cujo texto é igual para todas as missões espalhadas pelo país e que é preparado durante a semana por um grupo de missionários que, no sábado da missão, apresenta a peça à comunidade, sendo esta sobretudo dirigida ao público infantil e aos idosos. Relativamente à importância da Missão País e ao papel do voluntariado na formação de um estudante e de um futuro profissional, Tomás Duarte afirma que “ainda que seja só durante uma semana, a Missão País dá-nos imensas ferramentas e apresenta-nos imensas situações que poderão fazer de nós, acima de tudo, melhores pessoas”.Além disso, conclui, “percebemos que o serviço e a solidariedade são importantes para viver em comunidade, porque sozinhos não chegamos a lado nenhum”.