Alexandre Mestre avança para o COP com uma candidatura virada "para o futuro"
9 de dez. de 2024, 12:45
— Ana Marques Gonçalves/Lusa/AO Online
“No
desporto, como na vida, há sempre um momento. E entendi que este era o
momento para se procurar, sem prejuízo naturalmente de […] maximizar o
mais possível o legado, o ‘know-how’, que foi deixado, quer pelo
comandante Vicente Moura, quer pelo doutor José Manuel Constantino, dar
um passo rumo a uma nova ambição olímpica”, explicou.Em
entrevista à agência Lusa, o candidato à presidência do COP falou sobre
o seu programa para o futuro do organismo, notando que “cada liderança
impõe a sua visão”. “Costuma-se dizer - no
desporto também – ‘em equipa que ganha não se mexe’, mas consegue-se
que essa equipa alcance novos e mais ambiciosos objetivos. E é isso que
me proponho: mais atletas no […] Programa Olímpico, mais recordes, mais
diplomas, mais medalhas. Uma nova ambição, ciente de que, naturalmente,
maximizando o que foi feito, há, seguramente, muito para onde se pode
inovar”, completou.Descrevendo a sua
candidatura às eleições de 19 de março como “para o futuro”, o advogado
de 50 anos defendeu a necessidade de “definir metas” a três ciclos
olímpicos. “Só é possível desenhar
políticas com resultados concretos se se planificar a médio e longo
prazo. Uma gestão estratégica implica planear e os resultados não vêm
sempre logo no imediato. Tem que ser estruturado, tem de ser eficaz, tem
de ser sólido e isto exige, naturalmente, que seja a três ciclos
olímpicos. Só aí é que conseguimos todos os objetivos, até lá vão-se
conseguindo outros”, justificou. Num
programa assente em 20 eixos, o ex-secretário de Estado do Desporto e
Juventude do Governo de Pedro Passos Coelho estabelece como prioritário o
reforço do apoio aos atletas, treinadores, federações e agentes
desportivos, algo que, na sua opinião, seria insuficiente apenas com o
aumento do financiamento público. “Também o
movimento desportivo na articulação, sobretudo, com o movimento
empresarial, tem que ser capaz de captar mais verbas”, vincou, elencando
os ‘caminhos’ para esse reforço financeiro, desde logo explorando mais
os programas da Solidariedade Olímpica, do Comité Olímpico
Internacional.“Há um trabalho que pode ser
feito, a nível do próprio COP, que é criar mais recursos. Uma das
ideias é, precisamente, um Canal Olímpico”, apontou, indicando que esta
plataforma poderia, ao fortalecer a relação do olimpismo nacional com a
sociedade civil, “angariar mais receitas, mais publicidade”. Mestre
quer trabalhar mais no sentido de chamar a atenção das empresas,
apresentando essa como uma das suas “grandes missões”, num projeto em
que se propõe “introduzir o português como língua oficial no Comité da
Olímpico Internacional”, assim como, num primeiro momento, voltar a ter
um representante nacional naquele organismo. Entre
as várias propostas do jurista lisboeta, entre as quais se conta a
edificação do Museu Olímpico, a atualização do Programa de Preparação
Olímpica assume uma importância “vital”. “Percebermos
todos em conjunto porque é que há ainda um ‘gap’ acentuado entre o
número de atletas que são apoiados e aqueles que são efetivamente
qualificados. E essa é uma avaliação que tem que ser feita”, afirmou,
identificando ainda a necessidade de reforçar o apoio às Esperanças
Olímpicas. Para Mestre, COP, atletas e
federações têm de trabalhar em rede, uma premissa extensível à
elaboração de um ‘Livro Branco do Alto Rendimento’, que permitiria
esboçar, também a três ciclos olímpicos, “um projeto ganhador e
mobilizador”.“É uma grande vontade também
desta candidatura centralizar um conjunto de serviços que libertem […]
financeiramente as federações: serviços centralizados de contabilidade,
apoio jurídico, ‘sportec’. Repare que as tecnologias da inteligência
artificial têm e podem e devem estar ao serviço do movimento olímpico”,
indicou ainda.Numa candidatura voltada para o futuro não podiam faltar um eSports, uma ‘novidade’ nem sempre consensual no olimpismo.“Temos
os Jogos Olímpicos, mas depois temos outras missões e essa passará a
ser uma nova. E, por isso, temos que nos mobilizar, porque isso é uma
realidade, efetivamente, incontornável e vamo-nos concentrar no que é
positivo, no chegar aos jovens […]. Quando não está ao nosso alcance
alterar-se o que for discordando ou concordando, o que temos que fazer
é, o mais possível, valorizarmos a nossa presença”, sustentou.Federado
em ténis e praticante de voleibol, o advogado, professor universitário e
autor de diversas obras sobre a legislação desportiva e também o
olimpismo é um dos quatro candidatos à presidência do COP, juntamente
com o também antigo secretário de Estado do Desporto Laurentino Dias, o
atual secretário-geral do organismo, José Manuel Araújo, e o antigo
presidente da Federação Portuguesa de Atletismo (FPA) Jorge Vieira.