Alexandra Reis diz que não pondera pedir readmissão na empresa
TAP
6 de abr. de 2023, 07:18
— Lusa/AO Online
“Não
considero, e os meus advogados não consideram, ser possível considerar a
nulidade do acordo parcial, porque o acordo foi feito de uma forma
global, o que nessas circunstâncias me dá o direito de solicitar à TAP a
minha readmissão como colaboradora da empresa, o que não estou a
ponderar fazer”, afirmou a ex-administradora, na comissão parlamentar de
inquérito à TAP.Alexandra Reis reiterou
que não consegue identificar as “razões específicas” para o seu
afastamento da companhia aérea e que essa questão deve ser colocada à
presidente executiva, Christine Ourmières-Widener.“Ouvi
que seria um tema de perfil. Não consigo entender as questões
relacionadas com o perfil. Não consegui entender esse racional. Eu
também o poderia dizer, mas não vou dizer. Eu também poderia dizer que a
CEO poderia não ter o perfil, mas não o vou dizer de forma alguma. Não o
vou dizer de forma alguma”, afirmou a ex-secretária de Estado,
provocando gargalhadas na sala. Alexandra
Reis insistiu várias vezes durante a audição, que durou cerca de seis
horas, na ideia que saiu, não só da administração, mas também da
empresa, por vontade da presidente executiva.Relativamente
a pressões políticas, que Ourmières-Widener afirmou, na terça-feira,
que existiam, Alexandra Reis rejeitou alguma vez ter sentido tais
interferências, admitindo, no entanto, que a equipa sentia “escrutínio
público” de uma empresa que tem um nível de atenção alto.Já
sobre a natureza da relação com a mulher de Fernando Medina, Stéphanie
Sá Silva, que foi diretora jurídica da TAP, e se teria partido dela a
recomendação para secretária de Estado do Tesouro, Alexandra Reis
referiu que se tratava de uma “relação estritamente profissional, mas
muito boa”, admitindo ter tido dois “contactos pontuais e esporádicos”
de ‘networking’ com a mulher do ministro das Finanças já depois de ter
deixado a TAP.“Nada disso implica que
tenha sido de alguma forma recomendada, sugerida, ou que essa conversa
não fosse sobre temas normais de pessoas que se conhecem em contexto
profissional normalmente falam”, argumentou. Relativamente
à proposta comercial feita à TAP por uma empresa do marido de Christine
Ourmières-Widener, Alexandra Reis explicou que o tema lhe foi
sinalizado pela equipa de compras, não tendo sido realizado qualquer
contrato e insistiu que o assunto não foi tema de conversa com a CEO.Quanto
à ida para a secretaria de Estado do Tesouro, Alexandra Reis considerou
que não havia qualquer conflito de interesses pelo facto de ir tutelar a
NAV Portugal – Navegação Aérea, empresa que liderava e da qual saiu
para integrar o Governo, esclarecendo que não foi pedido qualquer
parecer jurídico sobre esta questão.Outro
dos temas nos quais os deputados insistiram mais do que uma vez foi
sobre a data exata do convite feito por Fernando Medina para integrar a
sua equipa das Finanças.Por mais do que
uma vez, Alexandra Reis garantiu que nunca falou sobre a sua saída da
TAP, nem sobre a indemnização nesta conversa com o ministro das
Finanças, que aconteceu “três ou quatro dias antes” da tomada de posse
como governante.Quanto ao estatuto de
gestor público, que abrange a TAP, mas que não foi seguido nas
negociações do acordo de saída, Alexandra Reis disse que não questionou o
advogado que então a assessorava, da sociedade Morais Leitão.“Nunca
fiz esse pedido, não é suposto. Quando peço a um advogado para me
assessorar num processo de saída de uma empresa como a TAP, é um dado
adquirido”, realçou.Ainda sobre questões
legais, a ex-administradora confirmou que o advogado que assessorou o
acordo de saída pela parte da TAP foi o mesmo que lhe deu apoio jurídico
na NAV.