Alerta para a perda de competitividade do Algarve

Turismo

23 de nov. de 2007, 17:06 — Lusa / AO online

"As novas acessibilidades são uma revolução na área do turismo e temos de estar atentos. O Algarve para as pessoas do Norte está tão longe como está Valência e já quase a Catalunha", afirmou à agência Lusa Carlos Costa da Universidade de Aveiro. Segundo disse este doutorado em Turismo, "o Algarve pode, no médio prazo, vir a ter gravíssimos problemas" caso os portugueses optem por Espanha. "A questão é a perda de competitividade dos territórios nacionais e veja-se que a realidade é que temos vindo a perder nos rankings", salientou após uma intervenção sobre a importância do turismo para o desenvolvimento das regiões, durante um congresso que termina hoje em Peniche. Durante a conferência que proferiu na Escola Superior do Mar, pertencente ao Instituto Politécnico de Leiria, exemplificou ainda que o custo em gasóleo e portagens nas viagens do Norte do país ao Algarve é maior do que ir até Múrcia. "Os factores de competitividade de Portugal na área do turismo estão a ser profundamente alterados" frisou, especificando ainda que hoje em dia chegar a Vilar Formoso ou a Vila Real de Santo António a partir de Aveiro representa cerca de hora e meia de viagem, enquanto este pode ser quase o tempo que se pode perder em Lisboa em filas de trânsito. Para este especialista, as acessibilidades estão a fazer com que esteja a desaparecer a ideia de interior e ao mesmo tempo a emergirem cidades como Braga, Coimbra, Aveiro ou Leiria. Continuando a dar como exemplo Aveiro, uma vez que o estudo que apresentou foi elaborado com dados da região centro, o especialista disse que este Verão a cidade "encheu por completo". "Aveiro não tinha turismo, mas a dinâmica da região de turismo fez com que tudo ficasse esgotado desde hotéis a passeios nos canais. O que se está a passar é que nós continuamos a falar que o turismo em Portugal é o Algarve, Lisboa e a Madeira, mas há novas realidades que começam a aparecer e os empresários vão correr atrás delas", vaticinou. "Daqui a poucos anos estaremos a rir daquilo que são as estratégias políticas que estão no terreno e que não reflectem a realidade", apontou, considerando que "o plano estratégico nacional para o Turismo (PENT) não reflecte a realidade". Apesar de reconhecer que o plano do Governo "tem valor e aspectos positivos", Carlos Costa disse que "não corresponde na totalidade aquilo que é a realidade e às dinâmicas do turismo nacional". "Porque é que o Minho, Aveiro, Portalegre ou Foz Côa não estão no plano estratégico nacional. Temos o direito de saber o que está por detrás das opções que são tomadas e não sabemos", apontou. Nos trabalhos desta sexta-feira, o segundo e último dia do congresso internacional sobre turismo, interveio ainda Dimitrios Buhalis, outro especialista em Turismo que falou sobre a importância da Internet nesta área.