Alemanha rejeita apelo da Bielorrússia para acolher 2.000 migrantes
Migrações
22 de nov. de 2021, 16:53
— Lusa/AO Online
“A
ideia de que pode haver um corredor humanitário para 2.000 migrantes”
não é “uma solução aceitável para a Alemanha ou para a União Europeia
(UE)”, afirmou o porta-voz do executivo alemão em exercício, Steffen
Seibert, em conferência de imprensa realizada hoje em Berlim.Uma
representante do Ministério dos Negócios Estrangeiros alemão confirmou,
por sua vez, que os contactos diplomáticos com o regime bielorrusso
continuam, através da embaixada da Alemanha em Minsk, mas negou que um
possível acolhimento de migrantes e refugiados seja um dos temas em
discussão.A prioridade para o ministério é
“evitar a instrumentalização de refugiados por Lukashenko”, explicou a
porta-voz Andrea Sasse, citada pelas agências internacionais. A
representante do Ministério dos Negócios Estrangeiros alemão considerou
“desumano” o comportamento das autoridades de Minsk e acusou a
Bielorrússia de “instrumentalizar os migrantes para provocações”,
defendendo que a situação “tem de acabar”.Lukashenko
pediu hoje à Alemanha que acolha cerca de 2.000 migrantes retidos na
fronteira entre a Bielorrússia e a Polónia e acusou a UE de não
facilitar uma solução para a crise migratória.Na
quinta-feira passada, a porta-voz da presidência bielorrussa, Natalia
Eïsmont, afirmou que Minsk iria trabalhar para repatriar 5.000 dos 7.000
migrantes presentes na linha de fronteira e adiantou que a chanceler
alemã cessante, Angela Merkel, tinha concordado negociar com a UE a
criação de um “corredor humanitário” para levar os restantes 2.000
migrantes para a Alemanha.A guarda
fronteiriça polaca afirmou hoje que, nas últimas 24 horas, foram
registadas 346 novas tentativas de cruzar ilegalmente a fronteira a
partir da Bielorrússia e que foram emitidas ordens de expulsão de 58
cidadãos estrangeiros.A Europa acusa a
Bielorrússia de criar artificialmente a crise migratória em curso, ao
atrair com vistos de turismo milhares de migrantes – oriundos
principalmente do Médio Oriente - e de levá-los para a fronteira,
prometendo-lhes uma entrada fácil na Polónia, na Lituânia ou na Letónia,
ou seja, no espaço da UE, como retaliação pelas sanções impostas ao
regime de Lukashenko.A Bielorrússia
rejeita a acusação e acusa por seu turno a Polónia e a UE de violação
dos direitos humanos por não acolherem os migrantes.