Alemanha diz que países europeus ponderam acolher até 1.500 crianças
Migrações
9 de mar. de 2020, 09:45
— Lusa/AO Online
O anúncio ocorre no dia em que o chefe de
Estado turco é esperado em Bruxelas para conversar com autoridades da UE
sobre a situação dos migrantes na fronteira turco-grega."A
nível europeu, atualmente estão em curso negociações sobre uma solução
humanitária com o objetivo de organizar o atendimento a essas crianças
como parte de uma 'coligação de voluntários'", sublinhou o Governo
alemão em comunicado, sem especificar os nomes dos países envolvidos."Queremos
apoiar a Grécia a lidar com a difícil situação humanitária de mil a
1.500 crianças que se encontram nas ilhas", acrescentaram aos partidos
que formam a coligação governamental, após uma reunião que durou várias
horas e começou no domingo à noite."São
crianças que, devido a uma doença precisam urgentemente de cuidados, ou
crianças desacompanhadas com menos de 14 anos, a maioria meninas", de
acordo com a mesma nota.Os partidos de
esquerda na Alemanha pressionam há vários dias a Europa e o Governo
alemão, em particular, tomem medidas para se garantir o acolhimento das
crianças retidas na Grécia ou que procuram atravessar a fronteira
turco-grega.Algumas autoridades do partido
conservador da chanceler alemã, Angela Merkel, no entanto, expressaram
ceticismo nos últimos dias, temendo enviar "um sinal" aos migrantes de
que seriam novamente bem-vindos na Alemanha.O
país recebeu mais de um milhão de migrantes após a crise em 2015, que
criou uma grande turbulência política no país e enfraqueceu Merkel e fez
crescer a oposição, especialmente a extrema-direita.Milhares
de migrantes tentam atravessar a fronteira entre a Turquia e a Grécia
desde que o presidente turco anunciou em 29 de fevereiro que havia
deixado de respeitar um acordo de março de 2016 com a UE, no qual se
previa a permanência de migrantes na Turquia, em troca de apoio
financeiro europeu a Ancara.Na
quinta-feira, as autoridades gregas anunciaram que mais de 1.700 de
migrantes chegaram às ilhas gregas, incluindo menores, além dos 38 mil
já presentes, o que superlotou os campos de refugiados, em condições
cada vez mais precárias.A situação tensa despertou na Europa a memória da crise migratória de 2015.No
entanto, o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, enviou um sinal de
apaziguamento ao ordenar que as guardas costeiras evitem que os
migrantes cruzem o Mar Egeu.Erdogan apelou
também no domingo à Grécia para que esta abra as fronteiras aos
migrantes e os deixe passar para outros países da Europa, durante um
discurso televisivo."Ei, Grécia! Lanço-te
um apelo, abre também as tuas portas e liberta-te desse fardo", disse
Recep Tayyip Erdogan sobre os milhares de pessoas que atualmente tentam
atravessar a fronteira da Turquia para a Grécia.Num
discurso televisivo citado pela agência de notícias France-Presse, o
chefe de Estado turco apelou ao país vizinho que deixasse passar as
pessoas "para outros países europeus".No
sábado, as autoridades gregas lançaram gás lacrimogéneo contra migrantes
que tentavam derrubar uma cerca para atravessar a fronteira entre a
Turquia e a Grécia, enquanto outros atiravam pedras à polícia, causando
pelo menos dois feridos.No mesmo discurso,
Erdogan confirmou também que se deslocará hoje a Bruxelas para discutir
a questão das migrações com responsáveis da UE."Terei
um encontro com os responsáveis da UE amanhã [hoje] na Bélgica", disse o
Presidente turco, acrescentando esperar "voltar da Bélgica com
resultados diferentes".