Aldeia olímpica convertida em apartamentos e alguns estavam vendidos

25 de mar. de 2020, 12:16 — AO Online/ Lusa

As infraestruturas concebidas para a aldeia olímpica incluem 23 torres, com capacidade para 18.000 camas e deveriam durante os Jogos Olímpicos albergar cerca de 11.000 atletas de todo o mundo.Após o período estimado para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, a aldeia – num quarteirão emblemático que espelha um estilo de vida urbano -, seria reconvertida em 4.000 apartamentos, alguns dos quais a chegarem aos 170 milhões de ienes (1,4 milhões de euros).Com cerca de 900 apartamentos já vendidos, o adiamento dos Jogos para 2021, cuja decisão foi conhecida na terça-feira, deixa os compradores perante um cenário de incerteza, segundo explicou a diretora da imobiliária Tokyo Property Central, Zoe Ward.“Mesmo admitindo que não têm perdas financeiras, é um grande transtorno para eles [os compradores]”, disse a responsável imobiliária, admitindo que exista um vazio legal nos contratos e que, em último caso, se aplicam cláusulas de “desastres naturais”.A compra pressupõe à partida um depósito na ordem dos cinco por cento do valor da propriedade.Para Tomohiro Maquino, especialista no mercado imobiliário, este cenário pode trazer uma dupla penalização aos promotores: “a queda do mercado financeiro em geral e os problemas de imagem associados à aldeia olímpica”.“Existe um risco de baixa nos preços. Ao desvanecer todo o entusiasmo e expectativa em redor dos Jogos, a questão pode ficar séria do lado de quem vende, em que, para já, se debatem com a possibilidade de cancelamentos, o que é crítico”, disse.O mesmo responsável pensa que os compradores estarão protegidos por cláusula de “força maior”, mas a questão passa agora por evitar a má publicidade, tendo especialmente em conta em que ainda precisam de vender três quartos dos apartamentos.O projeto de 18 hectares oferece diferentes vistas sobre a baía de Tóquio, com os seus arranha-céus, e prevê contar com escolas, parque de diversões, piscina e ginásios no empreendimento, com áreas de apartamento em média superiores às existentes na cidade.Até agora, o Japão registou 1.905 casos de infeção pelo novo coronavírus, entre os quais 712 do cruzeiro Diamond Princess, assim como 53 mortos, dez dos quais passageiros do navio.O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 400 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram cerca de 18.000.Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.O continente europeu é aquele onde está a surgir atualmente o maior número de casos, e a Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais, com 6.820 mortos em 69.176 casos.Vários países adotaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.Em Portugal, há 33 mortes e 2.362 infeções confirmadas. Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até às 23:59 de 02 de abril.