Albuquerque quer eleições antecipadas na Madeira “o mais rapidamente possível”
19 de dez. de 2024, 11:00
— Lusa/AO Online
“Nós estamos, neste
momento, sem Orçamento [para 2025], temos um governo de gestão, que vai
fazer a governação por duodécimos, e é fundamental reinstalar o mais
rapidamente possível a confiança no mercado, garantir que através das
eleições voltamos a ter um governo estável e com um horizonte de
futuro”, declarou. Miguel Albuquerque,
também presidente do Governo Regional, falava aos jornalistas após uma
audiência com o representante da República para a Madeira, Ireneu
Barreto, que recebe os sete partidos com representação na
Assembleia Legislativa na sequência da queda do executivo, após a
aprovação, na terça-feira, da moção de censura apresentada pelo Chega.“Nós
viemos dizer que o PSD/Madeira quer que se realizem as eleições o mais
rapidamente possível, uma vez que essa decisão, que cabe ao senhor
Presidente da República, é aquela que está em conformidade com os
interesses da região autónoma”, explicou, sublinhando que a região não
pode andar, de forma recorrente, numa “situação de instabilidade”.Albuquerque
avisou que o chumbo do Orçamento da região, em 09 de dezembro, e a
aprovação da moção de censura, na terça-feira, vai dificultar o
lançamento de “concursos fundamentais”, nomeadamente a última fase do
Hospital Central e Universitário da Madeira, a unidade de saúde do Porto
Santo e várias obras ao abrigo do Plano de Recuperação e Resiliência
(PRR), bem como as medidas de redução fiscal.Por
isso, defendeu a marcação de eleições antecipadas “o mais rapidamente
possível”, tendo em consideração que o Presidente da República, Marcelo
Rebelo de Sousa, dispõe de 55 dias para o efeito após a tomada de
decisão.“O que nós pretendemos é que esse
hiato não seja muito longo, uma vez que isso não é compatível com os
interesses da população da região e com o desenvolvimento da região”,
declarou.O presidente do PSD/Madeira e do
Governo Regional reiterou, também, que a realização de eleições internas
no partido “não tem qualquer cabimento” e que “não compete ao
Presidente da República fazer essa análise”Albuquerque
vincou que os Estatutos do PSD/Madeira “são claros” e que decisão de
realizar eleições internas só pode ser assumida pelo Conselho Regional
“num quadro de excecionalidade”.“Este
governo estava a exercer as suas funções tendo por base um princípio
fundamental, que é a legitimidade do voto popular”, declarou,
acrescentando: “Esta ideia de organizar nas costas do povo soluções de
secretaria não é consonante com os princípios da democracia.”Miguel
Albuquerque considerou, por isso, que os partidos que votaram contra o
Orçamento e aprovaram a moção de censura serão penalizados pelo
eleitorado.“Tenho quase a certeza de que isso vai acontecer”, declarou.A
moção de censura recebeu os votos a favor de toda a oposição - PS, JPP,
Chega, IL e PAN, que juntos reúnem 26 eleitos, ultrapassando assim os
24 necessários à maioria absoluta -, enquanto o PSD (19 deputados) e o
CDS-PP (dois deputados), partidos que têm um acordo parlamentar, votaram
contra.Antes, a 09 de dezembro, a
oposição na Assembleia Legislativa tinha também votado em bloco contra
as propostas de Orçamento e Plano de Investimento para 2025, pelo que a
região entra no novo ano em regime de duodécimos.Em
novembro, o Chega, que tem quatro deputados num universo de 47 lugares
no hemiciclo, justificou a apresentação da moção de censura com as
diferentes investigações judiciais envolvendo o presidente do executivo e
da estrutura regional do PSD, Miguel Albuquerque, e quatro secretários
regionais, todos constituídos arguidos este ano.A
aprovação da moção de censura, já publicada em Diário da República, uma
situação inédita na região autónoma, implicou a queda da XV Governo da
Madeira, que estava em funções desde 06 de junho deste ano.