Albuquerque diz que declarações sobre favorecimentos a grupos económicos na Madeira são especulações
17 de jan. de 2023, 11:01
— Lusa/AO Online
“Todas
essas especulações, opiniões sobre o passado, novelas, eu não quero
saber disso para nada. Porque, como é normal, em ano eleitoral, todas
estas questões, tudo o que se diz, dá azo a especulação”, afirmou Miguel
Albuquerque. O chefe do executivo
madeirense (PSD/CDS-PP) falava aos jornalistas à margem da inauguração
de uma exposição no Museu de Arte Contemporânea da Madeira, no município
da Calheta. Em causa estão acusações do
deputado do PSD à Assembleia da República eleito pela Madeira Sérgio
Marques que, em declarações ao Diário de Notícias, disse que houve
“obras inventadas a partir de 2000”, quando Alberto João Jardim (PSD)
era presidente do executivo madeirense, e grupos económicos que
cresceram com o “dedo do Jardim”.Sérgio
Marques, que fez parte do executivo madeirense como diretor regional
entre 1988 e 1989, refere na reportagem divulgada no domingo que a
governação de Alberto João Jardim “foi fantástica até 2000”, mas depois
“começaram a inventar-se obras, quis-se continuar no mesmo esquema de
governo, a mesma linha, obras sem necessidade, aquela lógica das
sociedades de desenvolvimento, todo aquele investimento louco que foi
feito pelas sociedades de desenvolvimento".O
social-democrata, que fez também parte do Governo de Miguel Albuquerque
como secretário regional do Assuntos Europeus e Parlamentares, entre
2015 e 2017, afirmou ainda que foi afastado do cargo por influência de
um grande grupo económico da região. Aos jornalistas, porém, Miguel Albuquerque, argumentou que “toda a gente sabe que isso não é verdade”.Questionado
se vai prestar explicações à Assembleia Legislativa da Madeira sobre
estas acusações, Miguel Albuquerque respondeu que não tem “nenhuma
explicação para dar”.“Eu constituo o meu
Governo, a composição do Governo é uma responsabilidade minha, eu não
abdico dessa responsabilidade. Eu estou mandatado para […] constituir o
Governo e fazer as alterações que entender. Não discuto na praça pública
essas alterações”, salientou. Interrogado,
por outro lado, se entende, enquanto presidente do PSD regional, que
Sérgio Marques, atualmente deputado à Assembleia da República pelo
círculo eleitoral da Madeira, deve afastar-se do partido por iniciativa
própria, Miguel Albuquerque disse: “O PSD é um partido livre e só está
no PSD quem quer”.Já sobre se está
dececionado com as acusações do deputado social-democrata, o presidente
do Governo Regional assegurou estar “perfeitamente calmo”, salientando
que não fica “nada nervoso com estas questões”.“O
que há aqui é uma questão de especulação sobre questões do passado e
juízos de valor sobre o passado. Isso para mim, não quero saber, porque
cada um tem a sua opinião. Você pode ter uma opinião sobre o que
aconteceu, eu tenho outra, portanto isso são especulações, não são
factos”, reforçou.Miguel Albuquerque
acrescentou ainda que tem “uma moção aprovada” no seu partido e
assegurou que não se vai desviar “um milímetro dos objetivos”, que
passam pelo cumprimento do programa de governo”.Na
sequência das declarações de Sérgio Marques, os deputados do PS na
Assembleia Legislativa da Madeira anunciaram, no domingo, que vão
solicitar uma comissão de inquérito para averiguar alegados
favorecimentos do executivo madeirense a grupos económicos.Por seu turno, os eleitos do JPP indicaram que vão chamar os
empresários Luís Miguel de Sousa (Grupo Sousa) e Avelino Farinha (grupo
AFA) ao parlamento madeirense para prestarem esclarecimentos sobre
declarações de Sérgio Marques e também do ex-governante regional, Miguel
de Sousa, que apontam para favorecimento destes grupos.