Albuquerque diz que decisões sobre o mar são difíceis porque não se enquadram nos ciclos eleitorais
15 de set. de 2022, 16:23
— Lusa/AO Online
“Vamos ser
francos e objetivos: grande número de decisões não são tomadas porque
não se enquadra nos ciclos eleitorais”, disse Miguel Albuquerque,
acrescentando: “É muito mais fácil tomar decisões políticas com impacto
no mundo mediático a curto prazo do que tomar decisões como estas, que
têm um impacto num horizonte temporal mais largo”.Miguel
Albuquerque, que lidera o executivo madeirense de coligação PSD/CDS-PP,
falava no encerramento da conferência “Ilhas Selvagens - Um catalisador
para a Economia Azul Sustentável nacional”, que decorreu no Funchal,
integrada nas comemorações dos 50 anos da criação daquela reserva, um
subarquipélago localizado a cerca de 300 quilómetros a sul da Madeira.O
governante disse que o alargamento da reserva, formalizado em março de
2022, resultou de uma decisão conjunta do Governo Regional e do Governo
da República, chefiado pelo socialista António Costa, com o suporte da
ONU e da National Geographic Society.“Março
de 22 fica na nossa história”, declarou, reforçando: “Somos o país
europeu que, neste momento, tem a reserva marinha maior do Atlântico
Norte”.A reserva das Selvagens cobre agora
2.677 quilómetros quadrados numa área de 12 milhas náuticas em redor
das ilhas, onde todas as espécies existentes estão totalmente protegidas
de atividades extrativas, tais como a pesca ou a exploração de
materiais inertes.O chefe do Estado-Maior
da Armada e Autoridade Marítima Nacional, almirante Gouveia e Melo,
também discursou no encerramento da conferência e alertou, por seu lado,
para o facto de a preservação das áreas marinhas implicar
necessariamente capacidade de o Estado se apropriar do mar. “Quem
julgar que a lei internacional é suficiente para garantir os nossos
direitos, que durma descansado, que depois um dia vai acordar muito
preocupado”, disse. Gouveia e Melo
considera que a Marinha portuguesa “terá sempre um papel importante e
relevante” e sublinhou a “visão holística” deste ramo das Forças
Armadas, ao desempenhar missões militares e de natureza civil. “Não
nos esqueçamos que nestas áreas, que são áreas protegidas, antes de
tudo e na base de tudo está a posse do mar. Essa posse hoje está a ser
discutida, está a ser discutida de forma violenta em certos casos”,
advertiu.O presidente do Governo Regional
da Madeira e o chefe do Estado-Maior da Armada e Autoridade Marítima
Nacional deslocam-se na sexta-feira às ilhas Selvagens, numa viagem que
contará também com a presença da ministra da Defesa Nacional, Helena
Carreiras, e do enviado especial do secretário-geral da ONU para os
Oceanos, Peter Thomson.