Alberto João Jardim lembra reivindicações da Madeira em carta aberta ao PR
9 de jun. de 2021, 12:11
— Lusa/AO Online
Na
carta aberta a Marcelo Rebelo de Sousa, que está na Madeira para as
comemorações do 10 de Junho, Alberto João Jardim considera que o futuro
estará “muito comprometido” caso não sejam atendidas as revindicações do
arquipélago.“Como civicamente maduro
desde há muitos anos, o povo madeirense sabe que consensualizar não é
‘cedência’, mas sim civilizadas concessões mútuas. O território
português e politicamente autónomo que é o arquipélago da Madeira tem um
futuro muito comprometido se a autonomia política não for maior, de
acordo com as necessidades evidente e objetivamente inventariadas”,
escreve o social-democrata na carta, publicada no Jornal da Madeira.De
acordo com o ex-presidente do Governo Regional, o futuro ficará
comprometido se não se acertar “a questão da ‘dívida’ pública em moldes
da Justiça decorrente das circunstâncias de séculos e atuais".“E não esquecendo os ‘perdões de dívida’ feitos por Portugal a povos que legitimamente optaram pela independência”, realça.Na
sua opinião, o futuro também ficará comprometido se a “República não
propiciar às finanças regionais um regime legal, estável e eficaz, a par
de um imprescindível sistema fiscal próprio, adequado também ao
interesse nacional, e promotor da competitividade do Centro
Internacional de Negócios”.Segundo Alberto
João Jardim, o Estado português não pode ceder “a interesses” de outros
países concorrentes, inclusive na União Europeia.“Bem
como tem de acabar, já, a discriminação central da Universidade da
Madeira. Esta é estruturante. Não apenas para as áreas do conhecimento,
da cultura e profissionais; mas também na da prestação de serviços,
internos ou exteriores ao território; na investigação, em particular das
extensões marítimas que são Portugal; na mundialização da nossa
insularidade; no apoio ao desenvolvimento socioeconómico; e na melhor
redistribuição da riqueza através dos salários pagos aos mais
qualificados”, salienta.“Sejamos
realistas! Há que pegar nestas matérias no seu conjunto, e não
dispersamente, tão interligadas e tão interdependentes elas são”,
acrescenta.O Presidente da República chegou ao Funchal na segunda-feira à noite para as celebrações do Dia de Portugal.Na
quinta-feira, terá lugar a Cerimónia Militar Comemorativa do Dia de
Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, na Praça da Autonomia
e na Avenida do Mar, no Funchal.Nesta
cerimónia irão discursar o Presidente da República e a médica Carmo
Caldeira, diretora do serviço de cirurgia do Hospital Dr. Nélio
Mendonça, que Marcelo Rebelo de Sousa escolheu para presidir às comissão
organizadora das comemorações do Dia de Portugal.A
reivindicação de uma maior autonomia regional tem sido feita
frequentemente na Madeira, com o atual Governo Regional (PSD/CDS-PP) a
considerar também que o Governo da República não tem dialogado com o
arquipélago e respeitado todas as suas obrigações no âmbito da
continuidade territorial.Já em 2020, na
Comissão Eventual para o Aprofundamento da Autonomia e Reforma do
Sistema Política, no parlamento madeirense, Jardim que deveria haver uma
“conversa muito séria” sobre a autonomia."No
meu entender pessoal, a revisão do Estatuto Político-Administrativo e
da Lei das Finanças Regionais não devem preceder a revisão
constitucional e a resolução do problema da dívida histórica",
aconselhou na altura. Para Alberto João
Jardim, a revisão da Lei das Finanças Regionais deve conter propostas
normativas que "visem resolver a dívida histórica [do Estado durante
seis séculos] num encontro de contas com a dívida pública regional até
ao final da vigência do Programa de Assistência Económica e Financeira
ou, ao menos, a transformação desta em dívida perpétua como nalguns
casos do pós-II Guerra Mundial".