Alberto I do Mónaco dá nome a largo na ilha açoriana do Corvo
20 de jun. de 2024, 15:12
— Lusa
O
presidente do município da mais pequena ilha açoriana adiantou à agência
Lusa que a homenagem ao príncipe e às suas visitas ao Corvo está
marcada para as 19:00 locais (20:00 nos Açores) e consiste no
descerramento de uma placa, em azulejo, no largo da Cancela, que passará
a chamar-se largo Alberto I príncipe do Mónaco (trisavó do atual
príncipe).Logo a seguir, às 19:30 locais
(20:30 em Lisboa), será apresentado, pelo investigador João Saramago, o
livro ‘O Príncipe Albert I do Mónaco e a ilha do Corvo’.Segundo o presidente da Câmara Municipal do Corvo, esta homenagem cumpre com uma decisão que a autarquia tomou há 100 anos.“Em
1924 foi decidido prestar a devida homenagem ao príncipe Alberto I do
Mónaco. Foi uma deliberação de câmara. Temos a ata. E o que vamos fazer é
efetivar aquilo que foi uma deliberação de há 100 anos”, explicou José
Manuel Silva (PS).A placa, de azulejos
pintados à mão, pelo ateliê Cerâmica da Praia, tem transcrita a cópia da
ata que faz referência à deliberação camarária de há 100 anos.Segundo
o autarca, o monarca esteve em várias missões oceanográficas nos mares
do arquipélago e, tanto o príncipe como a sua equipa, "deram-se muito
bem com a população corvina"."Os relatos
referem um carinho especial do Corvo pelo príncipe. Ele deu-se muito bem
com a população e, em conversa, com o investigador José Saramago
foi-nos contado que existia uma deliberação de câmara para esta
homenagem", assinalou o autarca.Além
disso, a Câmara Municipal do Corvo "é a única entidade que tem
disponível a coleção de fotos da expedição do príncipe pelos Açores", um
acervo que pode ser visualizado, em computador, na Casa do Bote, de
acordo com o autarca."Sempre houve alguma
ligação com o príncipe Alberto I do Mónaco, a quem os corvinos sempre
foram gratos", acrescentou, indicando que existem fotografias de Alberto
I do Mónaco "num piquenique, com a população, na zona do Caldeirão".Com
cerca de 60 páginas, o livro aborda "a presença do príncipe Alberto I
do Mónaco no Corvo, a sua convivência com a população, as cartas que
enviou ao pai enquanto esteve na mais pequena ilha açoriana", explicou à
Lusa João Saramago, que organizou a publicação.Natural
da ilha do Corvo e a residir em Lisboa, João Saramago, investigador
reformado do centro de linguística da Universidade de Lisboa, referiu
que a publicação integra uma biografia da sua autoria, sobre o príncipe,
e os relatos do monarca por altura do desembarque no Corvo, descrições
da ilha e uma referência à população, no âmbito da sua exploração sobre
os oceanos."No Corvo desembarcou três
vezes. O príncipe era uma pessoa muito comunicativa. E, na sua descrição
sobre a ilha, ele faz uma referência às pessoas dizendo que são muito
boas", relatou João Saramago.Numa das
campanhas oceanográficas realizada nos Açores, o príncipe monegasco
descobriu, em 1896, a sudoeste das ilhas do Faial e do Pico, o banco
Princesa Alice.Nos mares dos Açores, o
príncipe localizou também, em 1902, entre as ilhas Terceira e S. Miguel,
a fossa do Hirondelle, com a profundidade máxima de 3.200 metros.Em
outubro de 2022, o príncipe Alberto II do Mónaco realizou uma visita a
Portugal, com passagem por Ponta Delgada, nos Açores, e por Lisboa, para
assinalar o ano do centenário da morte de Alberto I do Mónaco.João
Saramago assinalou que, aquando dessa visita, o monarca abordou com o
autarca do Corvo o interesse "em dar sequência à decisão" de atribuir o
nome do príncipe ao largo no Corvo.