Alargar licença parental pode custar mais 404ME e aumentar desemprego de progenitores
13 de nov. de 2024, 13:11
— Lusa/AO Online
No documento que o
MTSSS enviou à Comissão Parlamentar de Trabalho, Segurança Social e
Inclusão, sobre as prestações de parentalidade, e a que a Lusa teve
acesso, são apresentados dois cenários sobre o impacto do alargamento da
licença parental inicial, que pressupõe o pagamento do respetivo
subsídio, de 120 ou 150 dias para 180 ou 210 dias.Este
alargamento foi aprovado a 27 de setembro no Parlamento, com os votos
contra do PSD e do CDS e será discutido na generalidade na Comissão
Parlamentar de Trabalho, Segurança Social e Inclusão, antes de ser
novamente discutido e votado em plenário.O
MTSSS admite que “o custo da medida para 2025 é esperado que esteja num
intervalo entre os 228 milhões de euros e os 404 milhões de euros” e
apresenta as contas para os dois cenários, um que tem em conta respostas
comportamentais, efeitos de segunda ordem e evolução moderada de
salários e beneficiários, e outro que não tem em conta estes fatores.Em
relação ao cenário que considera as respostas comportamentais, o MTSSS
refere que aqui teve em conta “a maior prevalência de licenças parentais
iniciais partilhadas entre os progenitores”.“Com
o aumento do período da licença parental inicial de quatro para seis
meses, haverá uma maior tendência a partilha por ambos os progenitores
de dois períodos de 15 dias consecutivos, ou de um período de 30 dias”,
refere o ministério.Por outro lado,
refere, o alargamento da licença parental “pode ter efeitos adversos na
ligação dos progenitores ao mercado de trabalho, especialmente aqueles
que detêm contratos ou situações laborais menos estáveis”.No
entender do MTSSS, isto poderá acontecer “mesmo que o sistema de
vigilância contra a discriminação dos progenitores seja atuante e
atento”.“Esse tem sido, infelizmente, o registo histórico não apenas em Portugal, como também noutros países desenvolvidos”, refere.Neste
cenário, o ministério estima que a evolução do número de beneficiários
possa ser mais elevada, “em resultado de todas as políticas de apoio à
família e conciliação da vida familiar e profissional que têm vindo a
ser adotadas”.Neste caso, aponta que venham a haver 36.408 beneficiários, a receber uma prestação mensal médio de 1.120, 64 euros.Neste cenário, o impacto da medida pode oscilar entre mais cerca de 367 milhões de euros e quase 404 milhões de euros.Já
no cenário que não considera respostas comportamentais, e considerando
um aumento de 3,5% no número de beneficiários e de 4,4% no valor da
prestação média, o ministério calcula que a aplicação da medida leve a
“um crescimento da despesa adicional de 50%, ou seja, 228,3 milhões de
euros”.O MTSSS já esclareceu, entretanto,
que o alargamento da licença parental inicial não está contemplado no
Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) porque a medida ainda não foi
objeto de aprovação final.