Al Gore afirma que Trump não é quem mais ordena na questão climática
9 de nov. de 2017, 17:32
— Lusa/AO online
"Vamos
cumprir o nosso papel apesar de Donald J. Trump", declarou perante os
aplausos de milhares de pessoas reunidas em Lisboa para fim da
conferência tecnológica Websummit.Al
Gore considerou que houve uma "viragem histórica" com a assinatura do
acordo de Paris de 2015 para limitar o aquecimento global, apesar de
Trump ter declarado que os Estados Unidos se iriam retirar do
compromisso.O
ex-vice-presidente tornado ativista e investidor pelo clima afirmou que
pelas regras do acordo, "os Estados Unidos só poderão sair no dia a
seguir à eleição presidencial de 2020" e manifestou-se confiante de que a
vontade política maioritária no seu país não coincide com a do
Presidente.Indicando
que energias renováveis como a solar estão a ficar cada vez mais
baratas, Al Gore reconheceu que da parte dos setores do carvão, gás e
petróleo há uma vontade de "paralisar" o caminho em direção às
renováveis."Acumularam durante anos riqueza, poder político e conhecimentos", mas "chega de vez", declarou.O
planeta está à beira da "revolução da sustentabilidade", considerou,
acreditando que esta chegará "com a dimensão da revolução industrial e a
rapidez da revolução digital"."Muitos
dos que aqui estão já fazem uma diferença enorme", reconheceu,
dirigindo-se a uma plateia em que destacou a geração jovem que cria
empresas para "fazer bom dinheiro mas também para fazer avançar o
mundo", para o que a tecnologia é uma aliada."É
claro que temos que mudar, o que é que pensam? Não podemos condenar as
gerações que aí vêm à degradação e ao desespero", defendeu.O
panorama, apontou, está à vista nas chuvas, furacões, incêndios
florestais ou secas devastadoras, "como acontece em Portugal ou
Espanha", e nas dezenas de milhões que estão à beira da fome ou que
tiveram que se deslocar por causa de fenómenos climáticos.Gore
afirmou querer "recrutar" a audiência de milhares para ser "parte da
solução" para travar a "colisão entre a civilização humana e a
natureza".Recordando
lutas históricas como as travadas pelo fim da escravatura, pelo direito
de voto das mulheres ou dos direitos dos homossexuais, afirmou que no
fim, tudo se resumiu a uma escolha entre "o que está certo e o que está
errado"."Está
tudo em jogo", garantiu, admitindo que há "quem caia no desespero porque
pensa que não há vontade de mudar" e declarando que "a vontade também é
um recurso renovável". A Web Summit terminou hoje em Lisboa.