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AJ da Candelária apela a mais meios para jovens e idosos

No 30.º aniversário da instituição, a presidente da Associação de Juventude da Candelária, Nélia Viveiros, alerta para a dificuldade em envolver os jovens nas atividades e para as limitações do apoio prestado aos idosos, sobretudo no acompanhamento a cuidadores informais


Autor: Carlota Pimentel

A presidente da Associação de Juventude da Candelária, Nélia Viveiros, aponta como principais desafios da instituição a dificuldade em captar o interesse dos jovens para a participação nas atividades e as limitações do serviço de apoio ao domicílio em dar resposta a necessidades que vão além dos cuidados básicos, nomeadamente no apoio aos cuidadores informais e no acompanhamento psicológico e recreativo.

Em declarações ao Açoriano Oriental, no âmbito das comemorações dos 30 anos da associação que hoje se assinalam, a responsável sublinhou que atualmente “é muito difícil canalizarmos a atenção e motivarmos os jovens para a participação”.

A presidente adiantou que a instituição tem um projeto para a criação de um Centro de Desenvolvimento de Inclusão Juvenil (CDIJ), cuja candidatura foi apresentada em 2023, mas aguarda resposta do Governo Regional. Porém, a prioridade agora passa por concluir “a empreitada de remodelação e ampliação da sede” da associação.

No apoio à população idosa, Nélia Viveiros reconhece que o atual modelo do serviço de apoio ao domicílio não permite responder a todas as necessidades. “No formato em que a valência do serviço de apoio ao domicílio está neste momento desenvolvida, acabamos por não conseguir dar resposta às solicitações que nos chegam dos clientes”, referiu.  

“Os cuidadores estão muito sobrecarregados e nós não conseguimos dar resposta à família”, reforçou, acrescentando que está assegurado o apoio “a nível dos cuidados básicos, dos banhos, mas toda a parte da animação socio-recreativa, do cuidado a nível psicológico e até sociorrecreativo, de respostas de lazer e, sobretudo, de descanso para os cuidadores, acabamos por não conseguir dar essa resposta”.

Nélia Viveiros defende que “para além dos ajudantes familiares domiciliários, era importante ter um animador e um psicólogo que fizessem esse acompanhamento”, bem como a criação de “uma bolsa de cuidadores, à qual os cuidadores informais pudessem recorrer para os seus descansos e até mesmo para se deslocarem a bens e serviços”. 

E exemplifica: “Muitas vezes, os cuidadores não conseguem sair de casa para ir às suas consultas, por exemplo, porque não tem ninguém com quem deixar o seu  familiar”.  

As dificuldades estendem-se também aos centros de convívio para idosos. Nélia Viveiros explica que, por não existirem recursos humanos afetos diretamente a esta valência, cabe à instituição, dentro das suas possibilidades, garantir o funcionamento das atividades. 

A presidente salienta que, na ausência de pessoal especializado, são muitas vezes os auxiliares de serviços gerais ou monitores de outras valências que, sempre que possível, asseguram parte da dinamização das atividades.

“Os nossos monitores estão afetos às valências do ATL e não conseguimos que estejam todos os dias nos centros de convívio”, elucida, adiantando que “na nomenclatura da valência não há recursos humanos afetos, porque pressupõe-se que os idosos são ativos e que consigam desenvolver os seus convívios e as suas atividades, mas, na prática, acaba por não ser assim”. 

Refira-se que a Associação de Juventude da Candelária comemora hoje três décadas de atividade com um encontro no Salão da Filarmónica Lira Nossa Senhora da Estrela, na freguesia da Candelária, onde reúne utentes de todas as suas valências, trabalhadores, sócios e entidades parceiras.

Em comunicado, a instituição revela que a celebração contará com performances teatrais e de dança criativa apresentadas por crianças e jovens dos Centros de Atividades de Tempos Livres da Associação, além de uma homenagem aos cofundadores João Alberto Pereira, Sérgio Pavão e Ricardo Pereira.

Sobre as atividades desenvolvidas ao longo de 30 anos, a associação destaca a realização de intercâmbios com jovens e também aos idosos dos Centros de convívio, que nada mais são do que uma “oportunidade de conhecer outras realidades e culturas”. Além disso, é realçada a realização anual, ininterrupta, durante 18 anos, do festival de teatro Juvearte, que conta com a participação de grupos de teatro regionais, nacionais e internacionais.

A associação vincou também, que, ao longo do seu exercício de atividades, foi criado um CATL, um centro comunitário com atividades de turismo inclusivo e social, três centros de convívio para idosos, um centro de atendimento e acompanhamento psicossocial de RSI, e a criação do de um serviço de apoio ao domicílio.