AIR Centre pode potenciar reforço de relações entre Açores e Bermuda
5 de nov. de 2019, 10:21
— Lusa/AO Online
"Podemos fomentar esta cooperação, quer do
ponto vista das entidades públicas, mas também ao nível das entidades
privadas. Aliás, o caso do AIR Centre é um dos exemplos em que a
possibilidade de entidades privadas poderem participar fortalece o
próprio projeto, mas também cada um dos participantes", considerou o
governante, falando aos jornalistas portugueses em Hamilton, na Bermuda.Vasco
Cordeiro falava no dia em que, pela primeira vez no território
atlântico, se assinala o feriado que comemora, em 2019, o 170.º
aniversário da chegada de portugueses à Bermuda.O
chefe do executivo açoriano tem insistido na necessidade de se avançar
para um "novo patamar" nas relações entre os Açores e a Bermuda, e
também a parceria já existente sobre o mar dos Sargaços, um importante
ecossistema oceânico aberto, foi relevada por Vasco Cordeiro.Nesta
fase, é necessário "juntar a componente afetiva que já liga muitos
açorianos à Bermuda à componente política e institucional que possa
fomentar e reforçar essa cooperação", considerou.Ciência
e mar são, nesse sentido, áreas em que é "perfeitamente possível
estreitar essa relação, tirando proveito daquela que é uma nova
abordagem em relação à presença dos açorianos e portugueses" na Bermuda,
"de valorização até política, de atenção e reconhecimento do contributo
que tem sido dado para o desenvolvimento" da região, referiu Vasco
Cordeiro.O Centro de Investigação
Internacional do Atlântico (AIR Centre) tem sede nos Açores e agrega
investigação em áreas como espaço, oceanos, alterações climáticas e
processamento de dados, envolvendo ainda Brasil, Espanha, Angola, Cabo
Verde, Nigéria, Uruguai e São Tomé e Príncipe, tendo o Reino Unido e a
África do Sul como países observadores.Hoje,
terceiro de quatro dias de visita oficial à Bermuda, o presidente do
executivo dos Açores visitou o Clube Vasco da Gama, fundado em 1935,
responsável pela Escola Portuguesa, dedicada ao desenvolvimento e
preservação da língua portuguesa.Antes,
acompanhado do 'premier' (chefe de Governo) da Bermuda, o governante
açoriano plantou um jacarandá para comemorar a efeméride hoje
assinalada.Esta é a primeira deslocação
oficial de Vasco Cordeiro à Bermuda, que foi destino da emigração
açoriana desde meados do século XIX.Estima-se que cerca de 20 a 25% da população da Bermuda seja descendente de portugueses, dos quais 90% de origem açoriana.Se
relativamente aos outros destinos da emigração açoriana, a maioria dos
emigrantes eram oriundos de todas as ilhas do arquipélago, no caso da
Bermuda são, maioritariamente, naturais de concelhos específicos da ilha
de São Miguel.A Bermuda foi, assim, o terceiro grande destino da emigração açoriana, após Brasil e Estados Unidos da América. Relativamente
aos processos que foram tratados diretamente pela Direção Regional das
Comunidades dos Açores, apurou-se, de 1960 a 2018, um total de 8.626
cidadãos portugueses da região que saíram para a Bermuda com contrato de
trabalho, para exercerem diversas atividades profissionais,
nomeadamente nas áreas da construção civil e jardinagem.De
2013 a 2018 saíram 389 cidadãos dos Açores e este ano, de janeiro a 13
outubro, foram 80 os açorianos com contrato de trabalho que emigraram
para a Bermuda.A visita à Bermuda arrancou no sábado e termina na terça-feira.