“Ainda não é bem isto”, o livro que conta a história de uma criança açoriana na banda filarmónica
17 de out. de 2021, 18:36
— AO Online
O projeto nasceu do repto lançado pela
direção da Sociedade Filarmónica Espírito Santo da Agualva ao
jovem músico e escritor Diogo Ourique que depressa convenceu o
artista plástico Abel Mendonça para a ilustração.
O objetivo era criar um registo inédito
para assinalar as festividades do centenário da SFESA em março de
2022.
Depois de criadas as ilustrações foi
tempo de dar a obra às crianças do CATL para a coloração.
O projeto foi acolhido e financiado
pela Câmara Municipal da Praia da Vitória que propôs a sua
distribuição por todas as crianças das escolas do concelho.
Marco Rocha, presidente da direção da
SFESA, agradeceu a pronta colaboração dos autores da obra e deixou
a promessa de levar o “ainda não é bem isto” a todas as
crianças dos Açores, num projeto “que funde, no seu cerne, a
cultura e a educação assim como retrata um ano de atividades desta
e de outras instituições deste género”.
Diogo Ourique, jovem escritor, garantiu
que a obra foi um desafio completamente novo uma vez que foi a sua
“estreia na literatura para crianças com a junção da
musicalidade e da rima que podemos encontrar neste livro”. A obra
pretende “cativar desde cedo mais jovens para as bandas
filarmónicas dos Açores”.
“O nome do personagem – Francisco –
foi escolhido em honra do Dr. Francisco Ávila Gonçalves, patrono da
SFESA. Francisco leva a bandeira da filarmónica e não sabe que
instrumento escolher para começar a aprender a tocar. Experimenta
cada um dos naipes até que no final do livro encontra, finalmente, a
sua verdadeira vocação. Esta foi a minha história e a de tantas
crianças açorianas nas bandas filarmónicas. Neste livro viajamos
pelo percurso de uma filarmónica ao longo do ano, e é, acima de
tudo uma carta de amor à arte da música que, nos Açores, ganha
fulgor com estas escolas informais tão importantes como são as
filarmónicas”, adiantou o autor.
Na sessão de apresentação, que teve
lugar na sede da SFESA, Abel Mendonça tomou a palavra para, com
muita graça, assumir a sua paixão pela instituição apesar do seu
desconhecimento das questões técnicas essenciais para ilustrar a
pega e o desenho dos próprios instrumentos. “Ainda não é bem
isto era o que o Diogo também me dizia muitas vezes quando chegava à
minha casa e via os dedos mal colocados no instrumento nos desenhos”,
disse em jeito de brincadeira.
Marco Torres, presidente da Federação
de Bandas dos Açores, não pôde estar presente no evento e enviou
um vídeo a congratular a SFESA pelo arranque das celebrações do
centenário e a destacar a importância do livro infantil.
“A experimentação está na base da
pedagogia também nas artes. É isso que temos que fazer com as
nossas crianças, levá-las a experimentar os instrumentos. Depois os
locais escolhidos para a ação da obra: um concerto, uma arruada, o
carnaval, as marchas… Assim o Diogo conseguiu mostrar toda a
versatilidade que os músicos de uma banda filarmónica devem ter.
Por outro lado, este livro prova também que os nossos grandes
músicos instrumentistas nasceram, na sua maioria, nas bandas
filarmónicas que são os conservatórios do povo”.
No final da apresentação o (também)
Francisco, músico mais jovem da banda, apresentou o livro aos
presentes através de um momento de leitura literária.
Os 100 anos da SFESA começaram a 1 de
outubro e contemplam diversas celebrações temáticas, espetáculos
e palestras. A sociedade apresenta mensalmente todas as suas
atividades sendo as próximas um baile de máscaras de Halloween e o
espetáculo de FADOalado, a 6 de novembro na sala de espetáculos da
sede. Os bilhetes já estão à venda.