Ainda é preciso estabelecer conjunto abrangente de ferramentas macro prudenciais
17 de out. de 2017, 11:14
— Lusa/AO online
No entanto, a política macro prudencial ainda é
bastante recente e ainda é necessária mais investigação, nomeadamente
sobre os instrumentos que podem ser utilizados e sobre o seu potencial
impacto, afirmou Carlos Costa. Carlos Costa - que falava
hoje em Lisboa no início da Conferência "Estabilidade Financeira"
organizada pelo Banco de Portugal (BP), que decorreu à porta fechada -
considerou que dez anos depois do início da crise financeira (2017) o
sistema financeiro não é imune a riscos e que os instrumentos de
política existentes são incapazes de abordar completamente o persistente
legado da crise, apesar da banca estar mais estável e os bancos
significativamente mais capitalizados. "Não nos devemos convencer
de que a nossa capacidade para detetar e conter o surgimento de
desequilíbrios financeiros atingiu um ponto em que estamos em condições
de evitar qualquer crise financeira", disse Carlos Costa. O
governador do BP sublinhou no discurso, só disponibilizado em inglês,
que "os princípios de resgate dos bancos de resolução prevaleceram, bem
como uma aversão geral para resgatar as provisões" e que embora esta
seja a norma, a flexibilidade deve ser preservada para enfrentar
situações de emergência. "No rescaldo da crise, para reduzir o
risco moral e proteger o contribuinte das perdas do setor privado, houve
um forte impulso contra o envolvimento do dinheiro público na provisão
de uma rede de segurança para o sistema financeiro", recordou. Ao
limitar as opções políticas sobre a utilização de fundos públicos, os
reguladores podem ter acabado por exacerbar riscos em caso de crise
sistémica, disse o governador, defendendo que "o quadro existente pode
realmente acelerar corridas e criar uma maior vulnerabilidade numa
futura crise financeira sistémica"."A incompleta União Bancária
na Europa e a plena implementação do regime de resolução é uma
combinação perigosa", afirmou ainda Carlos Costa. Quando visto no
contexto da margem de manobra muito menor de ferramentas de política
monetária e fiscal, isso ameaça-nos deixar menos preparados para lidar
com crises futuras, disse.