Aguiar-Branco solicita inquérito a Mariana Mortágua por gesto dirigido a Paulo Núncio
16 de dez. de 2025, 18:27
— Lusa/AO Online
Esta
decisão do presidente da Assembleia da República surge em resposta a
uma queixa do CDS-PP, segundo a qual Mariana Mortágua, ex-coordenadora
do BE e deputada cessante dirigiu um "gesto grosseiro" ao líder
parlamentar democrata-cristão, Paulo Núncio, em plenário, "levantando a
mão direita com o punho fechado, com exceção dos dedos indicador e
mindinho".No despacho, a que a agência
Lusa teve acesso, José Pedro Aguiar-Branco solicitou, por outro lado, à
secretária-geral da Assembleia da República "que diligencie pela
obtenção das imagens recolhidas pelo Canal Parlamento no decurso da
referida sessão plenária e pela sua remessa à Comissão Parlamentar de
Transparência".O presidente de Assembleia
da República considera que "os factos relatados podem configurar uma
violação dos deveres fundamentais dos deputados" consagrados nos
respetivos Estatuto e Código de Conduta."Nos
termos do Estatuto dos Deputados, impende sobre os deputados o dever de
respeitar a dignidade da Assembleia da República e dos demais
deputados. O Código de Conduta reforça esta obrigação, determinando que
os deputados devem desempenhar as suas funções com respeito pelos demais
deputados, intervir nos trabalhos parlamentares com urbanidade e
lealdade institucional e abster-se de comportamentos suscetíveis de não
prestigiar a instituição parlamentar", refere Aguiar-Branco.Segundo
o presidente da Assembleia da República gestos como o que Mariana
Mortágua fez "são passíveis de ser interpretados como ofensivos,
degradantes ou atentatórios do decoro e da dignidade da Assembleia da
República", pelo que "a factualidade descrita poderá ser suscetível de
censura à luz dos princípios que regem o exercício do mandato
parlamentar"."Um gesto como o alegadamente
praticado, ao atingir diretamente um deputado no exercício do mandato,
extrapola o âmbito da discordância política ou da liberdade de
expressão, não contribuindo para o debate político ou para o
esclarecimento público, antes atentando contra a confiança
institucional, a dignidade individual do deputado visado e o prestígio
coletivo da Assembleia da República", acrescenta.Neste
despacho, Aguiar-Branco assinala que Mariana Mortágua "já comunicou que
irá cessar funções como deputada, circunstância que, na prática, poderá
tornar inútil o prosseguimento do inquérito".No
seu entender, "todavia, tal facto não diminui a obrigação legal e
institucional do presidente da Assembleia da República de determinar o
encaminhamento da denúncia à instância competente"."O
encaminhamento permanece necessário para assegurar o apuramento
objetivo dos factos, preservar a dignidade e o decoro da Assembleia da
República e garantir a integridade do registo institucional das condutas
parlamentares, cumprindo-se, assim, os princípios da responsabilização,
da transparência e da salvaguarda do prestígio da instituição,
independentemente de cessação futura do mandato por parte da deputada
visada", defende.