Aguiar-Branco pede urgência no investimento em cibersegurança e no combate à desinformação
Hoje 11:21
— Lusa/AO Online
Esta
posição foi defendida por José Pedro Aguiar-Branco numa conferência
intitulada “Cibersegurança e Transformação Digital num mundo
multipolar”, promovida em Oeiras pela Sedes e pelas ordens dos Advogados
e dos Economistas.Na sua intervenção,
referiu que já há dez anos, quando exerceu as funções de ministro da
Defesa, existiam riscos que agora “se tornaram mais claros, mais
visíveis e mais próximos”.“Os novos
soldados já não usam fardas, os novos exércitos já não ostentam
bandeiras, as agressões deixaram de ser apenas físicas e os alvos
deixaram de se limitar ao que é militar ou estratégico. Estamos perante
um novo paradigma da segurança pública, da defesa e da geopolítica. Um
paradigma que redefine prioridades, exige novas competências e amplia o
próprio conceito de soberania”, advertiu o presidente da Assembleia da
República.Aguiar-Branco sustentou depois
que “os riscos de invasão, de contrabando ou de espionagem surgem,
muitas vezes, do outro lado do ecrã”.“E
esta interdependência obriga-nos a repensar muito do que julgávamos
saber sobre segurança pública”, razão pela qual “a cibersegurança tem de
estar no centro do debate público”.“Não
diz respeito apenas ao Estado, às instituições públicas ou às entidades
oficiais, diz respeito aos cidadãos, às empresas e às famílias”,
completou.Perante estas circunstâncias,
José Pedro Aguiar-Branco defendeu que é preciso “mais investimento e de
maior visibilidade pública neste domínio, não apenas para reagir, mas
para prevenir, não apenas para remediar, mas para fortalecer”.“Não
se trata apenas de reforçar os três ramos das Forças Armadas. As
ameaças mudaram, a defesa mudou e, tal como protegemos as nossas águas e
o nosso território, temos também de proteger o nosso ciberespaço. A
nova dimensão da nossa soberania”, frisou.No
seu discurso, o presidente da Assembleia da República destacou também a
ameaça da desinformação, dizendo mesmo tratar-se de “uma arma apontada
às sociedades e à confiança pública, uma arma que fragiliza Estados e
mina a credibilidade das democracias”.“O
mundo está a mudar e, perante essa mudança, Portugal tem de tomar
decisões. Temos de decidir combater desinformação sem abdicar das nossas
liberdades públicas, sem entregaremos às grandes empresas tecnológicas o
monopólio de definir o que pode ou não circular no espaço público. E
sem permitirmos que o Estado, mesmo com boas intenções, detenha o poder
de censurar”, sustentou.Neste ponto, José
Pedro Aguiar-Branco considerou essencial “abraçar o desafio da literacia
digital” e proteger os menores contra conteúdos explícitos, violentos
ou manipuladores.“E temos de escolher, com
clareza, a proteção de dados, o direito à privacidade e a liberdade de
pensar, de escrever e de informar. O mundo está a mudar. Adaptemo-nos a
essa mudança. Respondamos, com sentido de urgência, aos novos desafios,
mas não percamos os nossos valores que sempre nos guiaram, porque, no
dia em que abdicarmos deles, ainda que seja com boas intenções,
perderemos aquilo que nos torna únicos”, acrescentou.