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Recursos hídricos
Águas das Furnas sem controlo de qualidade
A qualidade da água que corre nas bicas de acesso público junto às caldeiras das Furnas não é monitorizada através de análises regulares.

Autor: Carmo Rodeia

O facto de não serem consideradas águas para abastecimento público regular nem estarem classificadas como águas minerais, faz com que "não haja obrigatoriedade específica de monitorização da qualidade dessa água", avançou ao AO o Director Regional dos Recursos Hídricos, João Luís Gaspar. Acresce, que nem sequer há uma noção clara sobre quem recai a competência para efectuar essa monitorização. A legislação em vigor prevê que as águas captadas nas nascentes ou furos que asseguram o abastecimento público devem ser periodicamente analisadas pelas autarquias (neste caso a da Povoação) a quem compete zelar pela sua boa qualidade e quantidade. E essa monitorização está a ser feita de acordo com a legislação em vigor.Elas são efectuadas pela Câmara que remete os resultados para a Direcção Regional dos Recursos Hídricos que, em cooperação com o InstitutoRegulador das Águas e dos Resíduos(IRAR), procede ao seu acompanhamento. Já as águas minerais (assim qualificadas por uma entidade específica depois de avaliada mensalmente e durante pelo menos um ano, a permanência de determinados elementos e componentes minerais) são analisadas e tratadas pela Região, nomeadamente através da Secretaria Regional da Economia que, juntamente com o INOVA e a Universidade dos Açores faz o acompanhamento devido. Aos Recursos Hídricos compete zelar pela boa qualidade da água na origem. As águas das Furnas, que correm nas bicas visitadas diariamente por locais e turistas, não estão classificadas como minerais, não servem para abastecimento público e, por isso, acabam por não ser verificadas, embora a região proceda, com regularidade "à monitorização dos sistemas de aquíferos que servem para abastecimento destas e de outras fontes", assegurou ao AO JoãoLuís Gaspar que admitiu, no entanto, "não poder garantir" que esses pontos "possam fugir a um controlo rigoroso". Nas Furnas existem 47 nascentes identificadas no Plano Regional da Água que são habitualmente monitorizadas por especialistas da Universidade dos Açores.Estas nascentes são de variados tipos, agrupando-se em três grandes categorias: as águas pouco mineralizadas, que registam níveis elevados de dióxido de carbono, como é o caso da conhecida Água Azeda; águas termais com temperaturas que oscilam entre os 30 e os 70 graus, com mineralização reduzida, como é o caso da Água Santa e as águas em ebulição que, sendo termais e muito mineralizadas, não são acessíveis para consumo directo, embora sirvam para abastecimento de balneários. Estas águas e as anteriores registam uma enorme concentração de elementos químicos como arsénio ou fluor. O Governo Regional prepara-se para criar a Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos dos Açores. O Diploma está pronto, no Parlamento. Este novo organismo , na tutela directa do Secretário Regional do Ambiente, vai chamar a si as competências que até à data estavam centralizadas no Instituto Regulador das Águas e dos Resíduos(IRAR), nomeadamente na monitorização das análises periódicas efectuadas às águas provenientes das redes de abastecimento público para consumo, que são efectuadas pelas Câmaras Municipais. Esta entidade regional terá funções de regulação económica e de orientação dos sistemas municipais de abastecimento de água para consumo público e de gestão de resíduos sólidos urbanos, tendo em mente o princípio da sustentabilidade.