Agricultores de São Miguel marcam nova concentração para quinta-feira
8 de fev. de 2024, 18:04
— Lusa
“Na quinta-feira estaremos aqui para dar informações do que
conseguimos”, disse aos jornalistas o porta-voz do grupo, Fernando Mota,
no final da marcha lenta de tratores, carrinhas e automóveis conduzidos
por agricultores. O protesto teve
início cerca das 10:30 locais (11:30 em Lisboa) junto da sede da
Associação de Jovens Agricultores Micaelenses, nos Arrifes (Ponta
Delgada) e terminou, depois das 14:30 locais, à porta da Associação
Agrícola de São Miguel (em Santana, Rabo de Peixe, concelho da Ribeira
Grande). Dos Arrifes partiu mais de uma
centena de viaturas, mas, segundo o representante, durante o percurso
foram-se juntando “cerca de 400” à marcha lenta.
Os agricultores tinham inicialmente previsto entregar um manifesto
com as suas reivindicações ao presidente da Associação Agrícola de São
Miguel e da Federação Agrícola dos Açores, Jorge Rita, mas não chegaram a
fazê-lo, alegando que o dirigente não defende a classe e pedindo a
demissão do responsável, que se encontrava no exterior do edifício sede.
“Temos um caderno reivindicativo e queremos entregar ao dr. [José
Manuel] Bolieiro”, afirmou Fernando Mota, referindo-se ao presidente do
Governo Regional e vencedor das legislativas açorianas de domingo.
O porta-voz do movimento cívico defendeu a necessidade de “contratos
escritos” e “com a promessa da resolução dos intentos” da classe.“Aqui
precisamos de ação, não de falácias. Estamos fartos de burocracia de
todo este sistema”, apontou Fernando Mota, junto à sede da Associação
Agrícola, numa altura em que os ânimos chegaram a estar exaltados entre
manifestantes e dirigentes associativos.
O objetivo dos protestos, acrescentou, é demonstrar à população a
"injustiça" que se vive no setor, com os agricultores "descapitalizados"
e "com a corda no pescoço".O presidente
da Associação Agrícola de São Miguel e da Federação Agrícola dos Açores,
que chegou a falar com alguns dos manifestantes, adiantou à agência
Lusa não ter nada contra o protesto, do qual só tomou conhecimento "pela
comunicação social"."Atendendo às
dificuldades que o setor atravessa, é legítimo. E, vendo o manifesto,
são as mesmas reivindicações, sem exceção, da associação e da federação
agrícola", sublinhou Jorge Rita.De acordo
com o dirigente, "grande parte destas reivindicações foram conseguidas,
grande parte foram anunciadas antes do ato eleitoral” de 04 de
fevereiro: “E aquilo que fizemos ontem com o Governo foi cimentar o que
já estava feito.”Quanto à demissão do
cargo pedida durante o protesto, Jorge Rita sustentou que os sócios "têm
toda a legitimidade de colocar esta situação numa assembleia geral"."Não
há nada que me assuste, nem que me meta medo. Fui legitimado para estar
aqui à frente da associação, e não é por manifestações que vou sair",
sublinhou.No caderno reivindicativo, a que
a Lusa teve acesso, os agricultores de São Miguel pedem, entre outras
medidas, a prorrogação do prazo das candidaturas “no apoio direto aos
jovens para diminuir os sobrecustos de pagamentos à Segurança Social”,
“no apoio direto ao sobrecusto do aumento das taxas de juro” e no apoio à
transição digital e inovação previstos no Plano de Recuperação e
Resiliência (PRR), para a inclusão de sistemas automáticos de
alimentação animal e ordenha.A descida do
imposto sobre os produtos petrolíferos do gasóleo agrícola, a redução do
preço das rações, e a aplicação de um sistema Simplex no licenciamento
às explorações e na autorização de corte de matas são outras das
exigências.Na quarta-feira, o Governo
Regional anunciou ter acordado com a federação “o apoio direto aos
jovens agricultores na diminuição dos pagamentos à Segurança Social e
apoios a todos os agricultores referentes ao aumento das taxas de juro”.
Do encontro saiu “o compromisso do executivo em continuar a apoiar o
adiantamento dos apoios comunitários relativos ao prémio dos produtos
lácteos”.“Permanece em vigor o apoio à
compra de sementes de milho ou de sorgo, a aplicação de reformas
antecipadas e é para manter a continuidade do fim dos rateios, ao
contrário do que acontece na República, medida que veio garantir mais
rendimento aos agricultores açorianos”, adianta a nota de imprensa.