Agências de viagens dizem que o seu "maior problema" atualmente é a TAP
22 de nov. de 2018, 10:37
— Lusa/AO Online
"O
nosso maior problema, neste momento, é a 'performance' da TAP. Isso é
que nos preocupa, porque é a má 'performance' da TAP que temos de gerir
todos os dias junto dos nossos clientes. Neste momento, a TAP à cabeça
tem uma 'performance' de pontualidade muito, muito desagradável", afirma
Pedro Costa Ferreira em declarações à Lusa, a propósito do 44.º
Congresso Nacional da APAVT que começa esta quinta-feira, em Ponta Delgada, nos
Açores.Segundo
o mesmo responsável da APAVT, que citou dados da empresa especializada
OAG, em julho deste ano, "a ‘performance’ da TAP em termos de voos com
pontualidade era de 47% 'on time', o que colocava a TAP no 'ranking' 181
de 201 companhias que eram acompanhadas por essas estatísticas".Já
em setembro, "aparentemente a pontualidade teria melhorado um bocadinho
- nada de extraordinário - 50,9%, porém é uma pequena mentira porque,
se é verdade que subiu um bocadinho a pontualidade, isso deveu-se muito
mais ao mês do ano do que propriamente à competitividade da TAP em
termos de pontualidade”, acrescenta.“A
verdade é que o 'ranking' da TAP de julho para setembro desceu de 181
para 186 em 198 companhias aéreas", salienta Pedro Costa Ferreira.Assim,
e tendo em conta que "a pontualidade é o primeiro critério do
'corporate' [viagens de negócios]" e que para as agências de viagens
este segmento "é um negócio extremamente importante", pode calcular-se
“as dificuldades” que as agências têm tido em gerir a vida dos clientes,
explica o presidente da APAVT. Em
15 de novembro, o presidente executivo (CEO) da TAP, Antonoaldo Neves,
disse, em Vila Nova de Gaia, que os atrasos na TAP este ano custaram
mais 40 milhões de euros do que em 2017. O
gestor da transportadora admitiu que este valor é “muito penalizante”,
não só para quem viaja, mas também para a empresa, dadas “as
compensações” que é obrigada a pagar. No
entanto, Pedro Costa Ferreira, assinala que a juntar-se à falta de
pontualidade têm existido "más experiências no embarque e também alguma
quebra de serviço a bordo". "Em
todo o caso, a pontualidade parece-me ser, neste momento, o ponto mais
importante da falta de qualidade do serviço da TAP", reforça, lembrando
que o CEO da TAP também disse, recentemente, numa entrevista que “houve
mau planeamento da formação das tripulações, apesar de tudo um bocadinho
compensada pelo facto dos pilotos estarem a voar em dias de folga e de
férias", para acrescentar que isso "não apaga o número em si" e é esse
que "preocupa" a APAVT.Instado
a especificar de que forma esses constrangimentos atingem a atividade
das agências de viagens, Pedro Costa Ferreira deu alguns exemplos. "A
grande questão é que são os agentes de viagens quem está atrás da
cortina a tratar das necessidades de um cliente que perdeu um avião ou
uma reunião, ou perdeu uma ligação, ou pela falta de pontualidade. Não
há outra maneira de dizer. (...) A principal consequência para o
cliente, já sabemos, é a perda de qualidade da viagem e para a agência
de viagens é a perda de rentabilidade, pois, para a mesma viagem,
estamos a cumprir, obviamente, os nossos deveres de boas práticas e,
portanto, o acompanhamento de uma viagem que já foi vendida é feita com
muito mais tempo e muito mais custos", explica.Sobre
o congresso da APAVT, e questionado sobre se tem havido diálogo com a
companhia que, a ver pelo programa, tem diminuído a presença nesta
reunião anual das agências de viagens, Pedro Costa Ferreira responde:
"Não há como não admitir que a visibilidade da companhia no seio do
nosso congresso [antes parceira] é hoje menor do que há anos atrás, mas
do ponto de vista da representação de um setor e do presidente dessa
associação terá de haver sempre abertura para um diálogo futuro". "Não
creio que seja possível aumentar a qualidade da viagem e a segurança
dos nossos passageiros se não houver diálogo de quem está mais perto
deles, que são os agentes de viagens, e quem mais os transporta em
Portugal, que é a TAP", sublinha ainda.O
presidente da APAVT ressalva: “Não estou a dizer que a TAP não dialoga,
mas não há como não reconhecer que hoje a qualidade do diálogo com a
TAP não é tão boa como em anos anteriores. E não há também como não
reconhecer que defendemos melhorá-lo [o diálogo] sem estarmos ofendidos,
porque em negócio o que nos deve definir sempre é a estabilidade dos
nossos clientes e a qualidade da nossa 'performance'".