Advogado de dois dos evadidos de Vale de Judeus diz que famílias desconhecem paradeiro
9 de set. de 2024, 11:34
— Lusa/AO Online
“Quer eu, quer as famílias
destes (em Portugal e no estrangeiro) éramos totalmente alheios à
existência de um plano de fuga do Estabelecimento Prisional e fomos
apanhados de surpresa pelo que aconteceu”, disse Lopes Guerreiro,
advogado dos dois foragidos, numa nota enviada à agência Lusa. O
advogado de Rodolfo Lohrmann e de Fábio Loureiro adiantou que tem
estado “em contacto permanente com as famílias de ambos em Portugal e na
América do Sul” e que pode avançar “que desconhecem os seus
paradeiros”.Lopes Guerreiro afirmou ainda
que vai agir judicialmente por terem sido divulgados dados pessoais dos
seus clientes, que diz serem “documentos internos e reservados do
Estabelecimento Prisional”, deduzindo que foram revelados por iniciativa
ou com a conivência deste. As famílias “estão preocupadas com tudo o que ocorreu” e o que “poderá acontecer com ambos futuramente”.Sobretudo
os familiares de Fábio Loureiro, adiantou o advogado na nota enviada à
Lusa, manifestaram “grande indignação com o exagerado empolamento do seu
passado criminal e da divulgação de factos e de crimes que este nunca
praticou ou pelos quais foi sequer foi condenado” em notícias que têm estado
a surgir em alguns órgãos de comunicação social.Estão
ainda revoltados, adiantou, por terem sido expostos nas redes sociais e
em alguns órgãos de comunicação social os seus dados pessoais, como os
nomes e moradas de familiares, “constantes das próprias fichas de
recluso no Estabelecimento Prisional (EP) de Vale de Judeus”.“São
documentos internos e reservados do Estabelecimento Prisional e cuja
divulgação e exposição só poderá ter ocorrido com a
iniciativa/conivência do próprio EP de Vale de Judeus, pelo que irei em
breve, no que aos meus clientes respeita, agir judicialmente por tal
facto”, disse o advogado.Cinco reclusos
fugiram no sábado, dia 7 de setembro, do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus, em
Alcoentre, no concelho de Azambuja, distrito de Lisboa.A
fuga foi registada pelos sistemas de videovigilância pelas 09h56, mas
só foi detetada 40 minutos depois, quando os reclusos regressavam às
suas celas.Os evadidos são dois cidadãos
portugueses, Fernando Ribeiro Ferreira e Fábio Fernandes Santos
Loureiro, um cidadão da Geórgia, Shergili Farjiani, um da Argentina,
Rodolf José Lohrmann, e um do Reino Unido, Mark Cameron Roscaleer, com
idades entre os 33 e os 61 anos.Foram
condenados a penas entre os sete e os 25 anos de prisão, por vários
crimes, entre os quais tráfico de droga, associação criminosa, roubo,
sequestro e branqueamento de capitais.Segundo
avançou no sábado a Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais
(DGRSP), uma avaliação preliminar, com recurso a imagens de
videovigilância, aponta que a fuga dos cinco homens ocorreu "com ajuda
externa através do lançamento de uma escada, que permitiu aos reclusos
escalarem o muro e acederem ao exterior".O
Sistema de Segurança Interna (SSI) indicou também no sábado ter sido
"agilizada a cooperação policial internacional" para a sua captura.De
acordo com a DGRSP, já foi aberto um processo de inquérito interno, a
cargo do Serviço de Auditoria e Inspeção, coordenado pelo Ministério
Público.O diretor nacional da Polícia
Judiciária (PJ), Luís Neves, disse que os cinco homens são “gente
muito violenta, com enorme capacidade de mobilidade” e que está a levar a
cabo uma investigação para saber de que forma ocorreu a fuga e quem
está por detrás dela.Segundo o diretor da
PJ, os evadidos “tudo farão para continuar em liberdade”, reconhecendo
que “o fator vida humana está em causa”, alertando para o “grau de
complexidade e violência” dos homens.