Autor: Lusa / AO online
"O conselho de administração decidiu iniciar os procedimentos legais que as circunstâncias requerem" face às declarações de José Rodrigues dos Santos ao jornal Público, do dia 7 de Outubro, afirma hoje a administração em comunicado, sem concretizar que medidas irá tomar.
Em entrevista dada domingo passado à revista Pública, o pivot da RTP afirmou que a administração da RTP interferiu na nomeação de Rosa Veloso para correspondente em Madrid em 2004, decisão que, segundo defendeu, compete apenas à direcção de informação.
A alegada interferência levou José Rodrigues dos Santos a demitir-se juntamente com a restante equipa da direcção de Informação.
No comunicado hoje divulgado, a administração "repudia veementemente [as afirmações de José Rodrigues dos Santos], por serem falsas" e atribui-lhes "a maior gravidade, uma vez que põem em causa a imagem da RTP, designadamente no que toca à informação prestada aos portugueses".
Avisando que o jornalista "terá de fundamentar" as acusações feitas à administração da empresa - de interferência em matéria editorial, de veicular para a direcção de Informação recados dados pelo poder político e de sujeitar o jornalista a tratamentos indignos -, o conselho de administração rejeita as críticas e acusa José Rodrigues dos Santos de adoptar uma "estratégia de vitimização e busca de protagonismo".
A administração, presidida por Almerindo Marques, mostra, no mesmo documento, estranhar que "de todas estas acusações (...) [José Rodrigues dos Santos] apenas concretiza com um facto ocorrido há 3 anos e que na altura foi esclarecido nos locais próprios", garantindo não ter havido qualquer interferência editorial "mas sim e apenas uma legítima decisão de gestão".
Por outro lado, a equipa de Almerindo Marques assegura não ter dado nenhum recado à direcção de Informação, afirmando desconhecer se Rodrigues dos Santos "alguma vez recebeu e transmitiu recados recebidos de outras administrações quando foi director de Informação".
A administração avança ainda com dúvidas sobre "o tratamento indigno a que se refere o sr. dr. José Rodrigues dos Santos", referindo que o jornalista "continou a auferir a mesma remuneração [que tinha quando era director e] que o coloca como um dos quadros mais bem pagos da RTP".
Adiantando que o jornalista "mostrou alguma incomodidade por ter de cumprir horários normais, o conselho de administração sublinha que "todos têm o dever de cumprir as regras internas".