Adiada para sexta-feira leitura da decisão instrutória de Rui Pinto
Football Leaks
13 de jan. de 2020, 18:42
— Lusa/AO Online
Em setembro de 2019, o
Ministério Público (MP) acusou Rui Pinto de 147 crimes, 75 dos quais de
acesso ilegítimo, 70 de violação de correspondência, sete deles
agravados, um de sabotagem informática e um de tentativa de extorsão,
por aceder aos sistemas informáticos do Sporting, da Doyen, da sociedade
de advogados PLMJ, da Federação Portuguesa de Futebol e da
Procuradoria-Geral da República, e posterior divulgação de dezenas de
documentos confidenciais destas entidades.As
defesas de Rui Pinto e do seu antigo advogado, Aníbal Pinto, este
último acusado de intermediar a tentativa de extorsão, de entre 500.000
euros a um milhão de euros, ao fundo de investimento Doyen, requereram a
abertura da instrução, fase facultativa em que visa decidir por um juiz
de instrução criminal se o processo segue e em que moldes para
julgamento.“O mesmo [Rui Pinto] não deverá
ser pronunciado [levado a julgamento] por 74 crimes de acesso
ilegítimo, mas tão só pela pratica de seis crimes de acesso ilegítimo,
os que se reportam aos ofendidos Sporting Clube de Portugal, Doyen, PGR,
FPF e ‘plataforma score’”, explicou a juíza de instrução criminal
Cláudia Pina.Em relação aos outros 68
destes crimes, a juíza entende que não são de acesso ilegítimo, mas sim
de acesso indevido, justificando a decisão pelo facto de Rui Pinto ter
acedido a caixas de correio e não a sistemas informáticos.A moldura penal destes dois tipos de crime é igual.Em
relação aos restantes factos, a juíza sublinhou que o arguido deve ser
pronunciado (levado a julgamento) nos termos da acusação do Ministério
Público.Cláudia Pina marcou para as 14:00
de sexta-feira a leitura da decisão instrutória, dando “quarenta e oito
horas” para que a defesa de Rui Pinto se pronuncie acerca destas
alterações.A defesa de Rui Pinto requereu a
abertura de instrução apenas com o objetivo de reduzir os 147 crimes,
não estando em causa o facto de o arguido não ir a julgamento, mas antes
corrigir “aspetos legais”, como a duplicação de crimes.À
entrada do TIC de Lisboa, o advogado de Rui Pinto disse que em relação à
decisão instrutória “tudo é possível”, e que o seu constituinte está
“preparado para todas as situações: “ou para ver a acusação diminuída ou
a manutenção de todos os crimes pelos quais está acusado”.“A
dimensão de Rui Pinto na sociedade portuguesa não se esgota neste
processo. O Rui Pinto é uma pessoa muito corajosa, com um pensamento e
um espírito muito positivos”, declarou Francisco Teixeira da Mota aos
jornalistas.A acusação do MP diz que entre
06 de novembro de 2018 e 07 de janeiro de 2019, o arguido “efetuou um
total de 307 acessos” à Procuradoria-Geral da República, e obteve
documentos dos processos de Tancos, BES e Operação Marquês, entre
outros.Entre janeiro de 2018 e janeiro de 2019, Rui Pinto consultou mais 12 processos que ainda estão em segredo de justiça.Em
prisão preventiva desde 22 de março deste ano, Rui Pinto, de 30 anos,
foi detido na Hungria e entregue às autoridades portuguesas, com base
num mandado de detenção europeu, que apenas abrangia os acessos ilegais
aos sistemas informáticos do Sporting e da Doyen, mas que depois viria a
ser alargado a pedido das autoridades portuguesas.Rui Pinto é também suspeito de ser o autor do furto dos e-mails do Benfica, em 2017.A
acusação do MP sustenta que, a partir do início de 2015 e até 16 de
janeiro de 2019, “o principal arguido muniu-se de conhecimentos técnicos
e de equipamentos adequados que lhe permitiram aceder, de forma não
autorizada, a sistemas informáticos e a caixas de correio eletrónico de
terceiros”.Para o efeito, “instalou, nos
seus equipamentos, diversos programas informáticos e ferramentas
digitais que lhe permitiam, de forma dissimulada e anonimizada, entrar
nos mencionados sistemas informáticos e caixas de correio de terceiros e
daí retirar conteúdos”.