Adesivo para pele pode tratar alergias a amendoim em bebés
11 de mai. de 2023, 08:53
— Lusa/AO Online
A alergia ao amendoim
é uma das alergias alimentares mais comuns e perigosas, sendo que os
pais de crianças alérgicas estão constantemente em sobreaviso contra
exposições que possam transformar festas de aniversário ou brincadeiras
em idas às urgências, noticiou a agência Associated Press (AP).Sem
cura, o único tratamento é para crianças de 4 anos ou mais, que podem
consumir um pó de amendoim especial para proteger contra uma reação
grave.O adesivo em estudo, chamado Viaskin, visa fornecer esse tipo de tratamento através da pele para menores de quatro anos.Um
grande teste com crianças de 1 a 3 anos, ajudou aqueles que não
toleravam nem mesmo uma pequena fração de amendoim a comer alguns
pedaços com segurança, relataram esta quarta-feira investigadores.Se
foram realizados testes adicionais, estes adesivos podem “preencher uma
enorme necessidade não correspondida”, realçou Matthew Greenhawt,
médico especializado em alergias do Children's Hospital Colorado, que
ajudou a liderar o estudo.Cerca de 2% das
crianças norte-americanas são alérgicas a amendoim, algumas tão
severamente que mesmo uma pequena quantidade pode causar uma reação com
risco de vida. O seu sistema imunológico
reage exageradamente a alimentos que contêm amendoim, desencadeando uma
cascata inflamatória que causa urticária, respiração ofegante ou pior. Alguns
jovens superam a alergia, mas a maioria deve evitar o amendoim durante
toda a vida e transportar medicamentos 'SOS' para evitar uma reação
grave se ingerirem acidentalmente o alimento.Em
2020, a Agência dos Alimentos e dos Medicamentos norte-americana (FDA,
na sigla em inglês) aprovou o primeiro tratamento para induzir
tolerância ao amendoim – uma “imunoterapia oral” chamada Palforzia que
crianças dos 4 aos 17 anos consomem diariamente para manter a proteção. O Palforzia da Aimmune Therapeutics também está a ser testado em crianças entre os 1 e 2 anos.A
francesa DBV Technologies, por sua vez, está à procura de uma
imunoterapia baseada na pele, como uma forma alternativa de
dessensibilizar o corpo aos alérgenos.O adesivo Viaskin é revestido com uma pequena quantidade de proteína de amendoim que é absorvida pela pele. Um adesivo diário é utilizado entre as omoplatas, onde os bebés não conseguem retirá-lo.No
novo estudo, 362 crianças com alergia ao amendoim foram testadas
primeiro para ver o quão alta dose de proteína de amendoim poderiam
tolerar. Em seguida, foram designados aleatoriamente para usar o adesivo
Viaskin ou um adesivo falso todos os dias.Após
um ano de tratamento, as crianças foram testadas novamente e cerca de
dois terços que usaram o adesivo real conseguiram ingerir com segurança
mais amendoins, o equivalente a três a quatro, face a um terço em
comparação com os que receberam adesivos falsos, concluíram os
investigadores.Quanto à segurança, quatro
recetores de Viaskin sofreram uma reação alérgica chamada anafilaxia que
foi considerada relacionada com o adesivo. Três foram tratados com
epinefrina para acalmar a reação e um desistiu do estudo.Alguns
jovens também comeram acidentalmente alimentos contendo amendoim
durante o estudo, e os investigadores referiram que as reações alérgicas
eram menos frequentes entre os utilizadores do Viaskin do que entre os
que usavam os adesivos falsos. O efeito colateral mais comum foi a
irritação da pele no local do adesivo.Estes resultados foram publicados no New England Journal of Medicine.As
conclusões “são notícias muito boas para crianças pequenas e as suas
famílias como o próximo passo em direção a um futuro com mais
tratamentos para alergias alimentares”, destacou Alkis Togias, do
National Institutes of Health, que não participou do estudo.A
DBV Technologies lutou durante vários anos para introduzir o adesivo no
mercado. No mês passado, a empresa anunciou que a FDA deseja alguns
dados adicionais de segurança para bebés e um estudo separado já está a
rastrear tratamentos mais longos.Um estudo para crianças entre os 4 e 7 anos também está em andamento.