Adesão à greve dos farmacêuticos com valores superiores a 90%
25 de out. de 2022, 11:41
— Lusa/AO Online
“Não
tenho ainda números finais, mas, por exemplo, nos hospitais que me têm
contactado a adesão é muito elevada”, disse à Lusa Henrique Reguengo,
presidente do Sindicato Nacional dos Farmacêuticos, dando o exemplo do
Instituto Português de Oncologia do Porto, onde a adesão é de 100%, o
mesmo acontecendo nos Açores.O responsável
disse que ainda está a compilar os dados que estão a chegar ao
sindicato, mas afirma: “se as coisas continuarem neste sentido, presumo
que tenhamos uma adesão massiva, muito acima dos 90%”.Os
farmacêuticos dos serviços públicos de saúde iniciaram hoje uma greve
de dois dias - a primeira de sempre -, que se repetirá em novembro, pela
revisão e atualização das grelhas salariais e contagem integral do
tempo de serviço no SNS para progressão na carreira.Além
de hoje e quarta-feira, a greve inclui dois dias em novembro (15 e 16) e
abrange todos os serviços de saúde dependentes dos ministérios da
Saúde, Trabalho, Solidariedade e Segurança Social e Defesa Nacional,
assim como nos Açores e na Madeira.O
sindicato, além da valorização profissional e da contagem integral do
tempo de serviço no SNS para efeitos de promoção e progressão na
careira, exige também a vinculação efetiva dos farmacêuticos a exercer
no serviço público com contratos precários e a adequação do número de
profissionais às reais necessidades e complexidade das atividades
desenvolvidas.Questionado pela Lusa,
Henrique Reguengo lembrou que os serviços mínimos preveem que se faça
serviço idêntico ao dos domingos e feriados, lembrando: “tudo o que é
normalmente feito durante a semana no hospital será afetado”.“Vai
haver grandes constrangimentos, filas de espera e atrasos”, avisou o
responsável, sublinhando que serão garantidos os mínimos “para que
nenhum doente tenha de interromper a sua terapêutica”.“Há
um estudo da Universidade Nova que indica que estamos com 25% de
carência de farmacêuticos no SNS. Normalmente já trabalhamos em mínimos,
em tempo de greve a situação ainda é mais critica”, acrescentou.No
pré-aviso de greve, o sindicato pede igualmente o reconhecimento e
homologação, por parte do Ministério da Saúde/Administração Central do
Sistema de Saúde, dos títulos de especialista atribuídos pela Ordem dos
Farmacêuticos, assim como a definição e regulamentação “de processo
especial e transitório para regularização do acesso à
especialidade/residência farmacêutica por parte dos farmacêuticos
contratados após 01 de março de 2020”.Denuncia
também a “precariedade, falta de estabilidade e más condições de
trabalho nos serviços farmacêuticos”, assim como a “falta de segurança
no circuito integrado do medicamento e outros produtos farmacêuticos”.“Já
estivemos em reuniões com antiga equipa ministerial, que reconheceu que
tínhamos razão e que era necessário resolver, mas depois não resolvem”,
disse o responsável, acrescentando: “Espero que com esta nova equipa se
dê um passo em frente”.Henrique Reguengo
frisa que esta é “ a primeira greve exclusiva dos farmacêuticos”, que
estão já “completamente desesperados com a falta de resposta”.“Não
existe Serviço Nacional de Saúde sem uma atividade farmacêutica bem
estruturada e capaz, seja na farmácia hospitalar, nas análises clínicas e
na genética, que são as três especialidades que os farmacêuticos têm no
SNS, mas para isso nós precisamos de atrair os melhores de nós. E, com
este panorama, claramente isso não vai acontecer”, disse, em declarações
anteriores à Lusa.