Adelino Maltez destaca pluralismo que obrigará PS a negociações permanentes
Açores/Eleições
26 de out. de 2020, 12:33
— Lusa/AO Online
O
histórico confronto “entre os dois partidos dominantes” na região, PS e
PSD, levou a que, entre “tanto enfrentamento”, não se tenha antecipado
que destas eleições resultariam “tantas forças sentadas no parlamento”
(oito), afirmou o professor do Instituto Superior de Ciências Sociais e
Políticas (ISCSP), da Universidade de Lisboa, em declarações à Lusa.A
eleição pela primeira vez de deputados do PAN, da Iniciativa Liberal e
do Chega, a que se soma a perda de eleitos por parte do PCP, resulta,
segundo o politólogo, numa “festa do pluralismo” que vai reforçar o
parlamentarismo açoriano, mas também obrigar a “uma engenharia com
possibilidade de sucessivas coligações negativas face ao partido que
venceu em termos relativos”, o PS.Os
resultados da votação nos Açores “exprimem uma geografia eleitoral cada
vez mais próxima da geografia da República”, considerou Adelino Maltez,
sublinhando a influência dos resultados eleitorais do continente na
tendência de voto do arquipélago.Já no que
toca a coligações pós-eleitorais nos Açores, “as coisas não se traduzem
com tanta facilidade”, afirmou, defendendo que, mais do que a formação
de uma “geringonça”, o que terá de haver é “capacidade de flutuação do
partido mais votado para captar apoios para cada caso”, numa “negociação
permanente que vai marcar o trabalho de Vasco Cordeiro”, enquanto
reforça o parlamentarismo.As “engenharias
pós-eleitorais” levantam também o receio do agravamento de uma crise
política que “preocupa os açorianos”, mas Adelino Maltez não tem dúvidas
de que “há uma pulsão de unidade que vai ultrapassar as divergências no
sentido da autonomia” - PS e PSD não deixarão de “estar juntos” no que
respeita à defesa dessa autonomia.O PS
venceu as eleições legislativas regionais dos Açores de domingo, mas
perdeu a maioria absoluta que tinha no parlamento da região desde 2000.Os
socialistas elegeram 25 deputados, menos cinco do que há quatro anos, e
o PSD, o segundo partido mais votado, conseguiu 21 mandatos, mais dois
do que em 2016.O CDS-PP continua a ser o
terceiro partido com maior representação no parlamento regional, mas
perdeu um dos quatro mandatos conquistados há quatro anos.O
quarto partido mais votado foi o Chega, que pela primeira vez concorreu
às legislativas regionais e elegeu dois deputados, o mesmo número de
mandatos conseguidos pelo BE (mantendo o resultado de 2016).O PPM duplicou a sua representação parlamentar e passa a ter dois deputados (um deles eleito em coligação com o CDS-PP).As
eleições dos Açores de domingo marcam ainda a entrada pela primeira vez
no parlamento regional da Iniciativa Liberal (um) e do PAN (um).Por outro lado, o PCP deixa de estar representado na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores.