AD vence eleições e põe fim a oito anos de governos PS com a extrema-direita a crescer
2024
9 de dez. de 2024, 10:07
— Lusa/AO Online
A
AD - coligação formada por PSD, CDS e PPM - pôs fim a um período de
oito anos de três governos socialistas liderados por António Costa entre
novembro de 2015 e 02 de abril deste ano, o último dos quais suportado
por uma maioria absoluta do PS na Assembleia da República.As
duas coligações lideradas pelo PSD – a AD, que concorreu no continente e
Açores, e “Madeira Primeiro”, coligação formada nesta região sem o PPM –
somaram 1.866.991 votos, 28,83% do total, e elegeram 80 deputados, 78
do PSD e dois do CDS-PP, num total de 230.O
PS, partido que desde dezembro do ano passado passou a ter Pedro Nuno
Santos no cargo de secretário-geral, foi a segunda força mais votada,
com 1.812.443 votos, 27,98% do total, e elegeu 78 deputados. Nas
legislativas antecipadas de 2022, tinha alcançado 120 mandatos com
41,37% dos votos.O Chega, da
extrema-direita parlamentar, ficou em terceiro lugar e foi a força
política que mais cresceu, subindo de 12 mandatos obtidos em 2022 para
uma bancada agora com 50 eleitos (18%). Liderado por André Ventura, o
Chega conseguiu ser o partido mais votado nos círculos eleitorais de
Faro e da Europa.Na sequência das
eleições, o líder social-democrata, Luís Montenegro, foi convidado pelo
Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a formar Governo.
Constituiu um executivo minoritário PSD/CDS-PP, sem acordos com outras
forças políticas, apesar de haver uma maioria de direita no parlamento
somando os deputados do PSD, do Chega, da Iniciativa Liberal e do CDS.Logo
no discurso de vitória que fez na noite eleitoral, Luís Montenegro
indicou que iria formar um executivo com suporte minoritário no
parlamento e afirmou esperar que PS e Chega “não constituam uma aliança
negativa para impedir o Governo que os portugueses quiseram”.Luís
Montenegro formou um Governo com 17 ministros, um dos quais o
presidente do CDS, Nuno Melo, e em que 60% pertencia então à Comissão
Permanente do PSD.A 02 de abril, Marcelo
Rebelo de Sousa deu posse ao XXIV Governo Constitucional, chefiado por
Luís Montenegro, ao qual prometeu “apoio solidário e cooperante” e pediu
“diálogo aturado”, face à ausência de apoio maioritário no parlamento.O
primeiro-ministro sustentou por sua vez que a viabilização do programa
do Governo implicaria “permitir a sua execução até ao final do mandato,
ou, no limite, até à aprovação de uma moção de censura”.O
Programa do Governo passou na Assembleia da República em 12 de abril,
com o chumbo de moções de rejeição apresentadas pelo BE e PCP, que
tiveram votos contra de PSD, Chega e CDS-PP e a abstenção do PS.O
PS, através da abstenção, voltou a ser decisivo para a sustentação
política do executivo minoritário PSD/CDS ao viabilizar a proposta de
Orçamento do Estado para 2025 na generalidade e depois em votação final
global.O Presidente da República, Marcelo
Rebelo de Sousa, convocou eleições legislativas antecipadas para 10 de
março após a demissão de António Costa das funções de primeiro-ministro
em novembro do ano passado por causa do processo judicial Operação
Influencer.Um processo em que António
Costa foi alvo de um inquérito autónomo instaurado no Supremo Tribunal
de Justiça a partir dessa investigação, mas que, até agora,
praticamente, não conheceu desenvolvimentos considerados relevantes.Apesar
deste processo, no final de junho, em Bruxelas, com o apoio ativo de
Luís Montenegro, o ex-primeiro-ministro socialista foi eleito presidente
do Conselho Europeu pelos chefes de Governo e de Estado dos 27
Estados-membros da União Europeia, tendo sido empossado neste cargo a
29 de novembro passado.