Acreditar lamenta falta de estratégia para oncologia pediátrica
19 de jul. de 2022, 08:54
— Lusa/AO Online
A Estratégia Nacional
para as Doenças Oncológicas 2021-2030 deve refletir a estratégia
nacional para o cumprimento do Plano Europeu de Luta Contra o Cancro
(PELCC), apresentado em fevereiro de 2021, havendo já recomendações este
ano do Parlamento Europeu a instar os Estados-membros a colocar a
oncologia pediátrica nos planos nacionais, refere em comunicado a
Associação de Pais e Amigos de Crianças com Cancro.
A associação saúda a decisão de elaborar uma estratégia com “um
período relativamente extenso” e o facto de, pela primeira ser, a
oncologia pediátrica ser mencionada num documento de planeamento em
oncologia, mas diz ter ficado “muito surpreendida” ao verificar que a
oncologia pediátrica continua sem ter uma estratégia nacional.
Na apreciação que colocou na página da consulta pública, a associação
faz uma comparação entre o que está previsto no documento nacional e o
plano europeu.“O PELCC considera o cancro
pediátrico uma prioridade, lançando várias iniciativas que visam
garantir um acesso rápido e de qualidade à deteção, ao diagnóstico ao
tratamento e aos cuidados de saúde necessários, estabelecendo seis
grupos de trabalho, todos eles em igualdade de circunstâncias e sendo um
deles o do cancro pediátrico”, sublinha. Pelo
contrário, no documento português é estabelecida a criação do grupo de
trabalho para o “aconselhamento para o cancro pediátrico”, tratando-se
de um grupo de aconselhamento ou transversal, que apoie aquilo que for
necessário relativamente aos grupos de Diagnóstico e Tratamento e
Sobreviventes. “Numa área que tem sido
sistematicamente esquecida a nível nacional, por ter números modestos,
embora com uma repercussão grande a nível da sobrevivência, percebe-se
que esta não é uma mera formalidade”, critica, considerando que, no
documento, o cancro pediátrico é “uma questão menor”, comprovado com as
“poucas ou nenhumas referências” à “pediatria”.A
estratégia nacional refere o cancro pediátrico com 324 novos casos e a
associação questiona qual o ano a que respeitam esses dados e "se estes
resultam do Registo Oncológico Pediátrico, como deveriam, e qual a
estratégia para que este registo exista, seja atualizado e seja
relevante”.A associação observa que
existem vários grupos de trabalho na Europa que estão a trabalhar a
atualização desses dados, sendo “a posição portuguesa uma das que não
tem números globais nem atualizados no que respeita à pediatria e em que
não se sabe quando isso acontecerá”. Outra
situação criticada pela Acreditar é o facto de o documento prever o
acesso aos seguros (dos sobreviventes de cancro) para 2025, quando a Lei
do Esquecimento já entrou em vigor.“Como é
possível que tenha sido elaborada uma estratégia para 2021-2030, mas
que só aparece à luz do dia em julho de 2022, ou seja, em pleno período
de férias para ver se estamos todos distraídos, e que ignora totalmente a
entrada em vigor da Lei do Esquecimento”, questiona.Por
outro lado, não há referência à investigação protegida para a pediatria
e os jovens o que, afirma, “parece peculiar num documento estratégico
sobre cancro”. “No mínimo (…) acharíamos
importante a inclusão de aspetos relativamente a revisão dos
medicamentos pediátricos e órfãos que constituem questões da maior
importância quer para os tratamentos quer para os efeitos secundários e
sequelas”, defende a Acreditar.