"Açorianos sem beneficiar do novo regime sobre combustíveis"
1 de abr. de 2019, 15:20
— Lusa/AO Online
Sónia
Borges de Sousa declarou à agência Lusa que o novo regime “traz apenas
mais valias para o Governo Regional”, que “deixa cair o diferencial de
10%", que "afirma ter que existir entre o preço dos combustíveis no
continente e nos Açores”.O Governo dos
Açores aprovou em 30 de março uma resolução que garante que não
existirão variações de imposto sobre os combustíveis ao longo do ano,
definindo um diferencial da carga fiscal sobre os combustíveis.“Passamos
a fixar um valor de diferencial fiscal sobre a incidência fiscal nos
Açores e do país, e asseguramos que a incidência fiscal nos Açores, no
total da carga fiscal sobre os combustíveis, é, para a gasolina, 10%
inferior à que se aplica no continente, 16% inferior no gasóleo
rodoviário, 18% inferior, pelo menos, no gasóleo de pescas e no gasóleo
agrícola, e 30% inferior no gás”, disse então à Lusa o vice-presidente
do Governo Regional, Sérgio Ávila.Com esta
medida, ainda de acordo com o governante, é definido “um montante de
ISP [Imposto Sobre os Produtos Petrolíferos], que é uma das componentes
dessa incidência fiscal fixa e que não é alterada ao longo do ano, a não
ser que seja alterado esse diferencial fiscal”.A
responsável pela ARRCA recorda que havia uma resolução do executivo
açoriano que garantia que o diferencial de 10% inferior nos preços dos
combustíveis em relação ao continente e, "neste momento, o que o Governo
Regional assegura é que a carga fiscal, considerando dois impostos
praticados a nível nacional, que não existem na região, será de 10%
menos".“Já há muito que o Governo Regional
não conseguia cumprir com os 10% de diferencial”, considerou a
empresária, que recordou que no caso do Imposto Sobre os Produtos
Petrolíferos (ISP) “existe um limite máximo, contrariamente ao que
afirmou o vice-presidente do governo regional”.“O
que a legislação diz é que o ISP é determinado para a ilha de São
Miguel, sendo que a partir daí haverá uma redução do mesmo para
compensar o transporte para as outras ilhas. E o limite máximo do ISP
para a maior ilha da região será o limite máximo dos Açores, que será
exatamente 650 euros por em metro cúbico para as gasolinas e de 400
euros para os gasóleos”, declarou.Sónia
Borges de Sousa acentuou que “desta realidade não se pode fugir nem tão
pouco utilizar artifícios como médias porque se cai numa ilegalidade”.A
presidente da ARRCA referiu que o novo regime de fixação do preço dos
combustíveis “padece de um erro crasso, já retificado, uma vez que
quando se colocou os valores do ISP surgiu uma falha de 610 mil euros
para mil litros vendidos, no caso da gasolina, o que daria 610 euros de
ISP por litro”.A responsável adianta que
não se deve apontar médias “quando no imposto não há médias, mas valores
máximos e mínimos”, havendo no caso do IVA três taxas (mínima,
intermédia e máxima).No caso específico do
ISP, a responsável afirmou que “não se pode falar da mesma forma em
taxas médias, mas sim máximas e mínimas que estão definidas na lei”. Sónia
Borges de Sousa alerta ainda para o facto de “não se poder sempre
garantir o diferencial do combustível", porque caso o Governo da
República "decida colocar as taxas nos mínimos isso implicaria que nos
Açores se tivesse um valor de ISP inferior ao que é permitido por lei".